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Trump pressiona vice a não declarar vitória de Biden no Congresso

Mike Pence já deu indícios que poderia romper com a estratégia de Trump de contestar os resultados da eleição americana

Trump: o presidente, no entanto, falou mais de si do que dos candidatos, afirmando que ele teria vencido a corrida presidencial e voltar a fazer, sem apontar evidências, alegações de que houve uma fraude eleitoral (MANDEL NGAN/AFP/Getty Images).

Durante um comício eleitoral na Geórgia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou o vice, Mike Pence, a não ratificar o resultado do Colégio Eleitoral na sessão do Congresso que acontece na quarta-feira, dia 6. A plenária, que é presidida por Pence, deve proclamar a vitória do democrata, Joe Biden, na corrida presidencial. O presidente afirmou, sem falar diretamente no papel que Pence terá na sessão conjunta da Câmara e do Senado, que seu colega de chapa é um bom republicano mas que “não gostará tanto dele” caso ele não “faça algo por nós”.

“Tenho que dizer a vocês, espero que nosso grande vice-presidente, nosso grande vice-presidente, faça algo para nós. Ele é um cara ótimo. Porque se ele não fizer, eu não gostarei dele tanto”, declarou Trump. “Não, Mike é um cara legal. Ele é um homem maravilhoso e inteligente, e um homem de quem gosto muito. Mas ele terá muito a dizer sobre isso.”

Pence já deu indícios que poderia romper com a estratégia de Trump, quando um juiz federal rejeitou uma ação que pedia para que o vice, que pela legislação é o presidente do Senado, poderia decidir se os votos do Colégio Eleitoral seriam válidos ou não. O vice também já avisou ao presidente que não tem o poder de mudar o resultado.

A fala de Trump foi feita durante um evento eleitoral na cidade de Dalton para endossar a candidatura dos dois republicanos, Kelly Loeffler e David Perdue, que tentam a reeleição ao Senado americano pela Geórgia. O presidente, no entanto, falou mais de si do que dos candidatos, afirmando que ele teria vencido a corrida presidencial e voltar a fazer, sem apontar evidências, alegações de que houve uma fraude eleitoral.

A viagem acontece um dia após vir à tona a gravação de um telefonema de Trump às autoridades eleitorais da Geórgia, em que ele pressiona o secretário de Estado, o republicano Brad Raffensperger, a mudar o resultado da eleição presidencial. Trump foi derrotado pelo democrata, Joe Biden, no Estado por uma margem de 0,2 pontos percentuais, que foi confirmada após duas recontagens solicitadas pela campanha do republicano.

Na gravação, obtida pelo jornal Washington Post, o presidente pede que Raffensperger “encontre 11.780 votos” que alega ter recebido – o número é um a mais do que a vantagem obtida pelo democrata no estado, o que reverteria o resultado da votação popular. A Geórgia é um dos Estados onde Trump tenta exaustivamente, mas sem sucesso, contestar a vitória de Biden.

Mais cedo, Loeffler divulgou um comunicado afirmando que vai votar contra o processo de certificação do Colégio Eleitoral no Congresso, numa tentativa de barrar a posse de Biden. Na última semana, outros onze senadores republicanos, liderados pelo texano Ted Cruz, anunciaram que fariam o mesmo.

“Dezenas de milhões de americanos têm preocupações reais sobre a maneira como a eleição presidencial de novembro foi conduzida – e eu compartilho de suas preocupações”, escreveu Loeffler, poucas horas antes do comício de Trump e rompendo com as demais autoridades republicanas da Geórgia.

Diferentemente de Perdue, cuja mandato acabou no dia 3 de janeiro, Loeffler foi indicada à cadeira no Senado para encerrar o mandato do ex-senador Johnny Isakson, que só terminará até janeiro de 2023. É por esse motivo que a republicana poderá fazer parte da sessão conjunta da Câmara e do Senado para ratificar os votos do Colégio Eleitoral.

Perdue, por sua vez, disse no domingo que também faria oposição à posse de Biden caso seja reeleito na votação desta terça-feira. Durante o comício democrata desta segunda, o presidente eleito fez uma crítica aos dois senadores republicanos, afirmando que eles trabalhavam por Trump, não pela Constituição do país.

A corrida pelo Senado na Geórgia tem recebido atenção de ambos os partidos, pois é ela quem definirá a maioria na Casa: dos 98 senadores já eleitos, 50 são republicanos e 48, democratas. Caso os dois candidatos de Biden vençam, a legenda alcançaria as 50 cadeiras e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, atuaria como o voto de minerva nas decisões do Senado, facilitando a governabilidade do novo presidente.

Apesar de desde 2000 o Partido Democrata não eleger nenhum senador na Geórgia, republicanos do Estado temem que a vitória de Biden e, principalmente, as alegações falsas de fraude eleitoral de Trump interfiram na eleição de seus candidatos. A gravação do presidente pressionando Raffensperger aumentou ainda mais esse temor. (Com agências internacionais).

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