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Tratamento experimental contra Alzheimer tem resultado promissor

Estudo feito com um fármaco experimental para a doença mostrou um ritmo de atrofia cerebral muito lento em um grupo pequeno de pacientes

Quase 47 milhões de pessoas no mundo sofrem algum tipo de demência, um número que deverá subir para 131,5 milhões até 2050 (Reprodução)
Quase 47 milhões de pessoas no mundo sofrem algum tipo de demência, um número que deverá subir para 131,5 milhões até 2050 (Reprodução)

Um grupo de cientistas que buscam um tratamento para atrasar o avanço do Alzheimer receberam com esperança os resultados de um pequeno ensaio clínico. O fármaco experimental LMTM, da empresa TauRx Therapeutics Ltd., sediada em Cingapura, foi concebido para reduzir a acumulação das proteínas tau no cérebro.

Quando o cérebro não funciona corretamente, essa proteína se acumula de forma anormal, provocando degenerações nos neurônios, como a doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência. De um modo geral, o ensaio clínico envolvendo 891 pessoas com suspeita de Alzheimer não mostrou nenhum benefício para os que tomaram até duas doses da droga ou um placebo.

A maioria dos pacientes do estudo estava tomando, além da droga experimental, outros medicamentos já aprovados para a doença de Alzheimer, disseram os pesquisadores. Mas um subgrupo menor, de cerca de 100 pacientes que estavam tomando apenas o fármaco experimental e não recebiam nenhum outro tratamento para a doença de Alzheimer, mostrou um ritmo de atrofia cerebral muito lento, de acordo com os resultados apresentados na quarta-feira na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC), em Toronto, no Canadá.

“Os resultados do estudo não mostraram benefícios do tratamento para nenhum dos grupos, independentemente das doses do fármaco, nas análises preliminares”, disse o autor do estudo Serge Gauthier, professor de neurologia na Universidade McGill. “No entanto, análises adicionais deram resultados muito alentadores e mostraram que os pacientes que tomaram o LMTM como monoterapia tiveram um declínio significativamente menor do que os pacientes de controle ou do que aqueles que tomaram o LMTM associado a outros tratamentos existentes para Alzheimer”, completou.

Os pesquisadores relataram “um benefício estatisticamente significativo nos resultados cognitivos e funcionais, e uma desaceleração da atrofia cerebral” neste pequeno subgrupo. Os resultados são parte do primeiro ensaio completo de fase III com uma droga anti-tau para a doença de Alzheimer.

“Em um campo minado pelos fracassos consistentes de novos candidatos a fármacos testados nas fases finais de ensaios clínicos e onde não houve nenhum avanço terapêutico prático na última década, estou animado com a promessa do LMTM como uma potencial nova opção de tratamento para esses pacientes”, acrescentou Gauthier.

Cautela

Especialistas não envolvidos no estudo, porém, pediram cautela na interpretação dos resultados.  As conclusões são “interessantes mas também complexas, e vai levar tempo para a área determinar o que elas significam”, advertiu Maria Carrillo, diretora científica da AAIC.

“O pequeno número de participantes que receberam a medicação do estudo como monoterapia levanta questões muito importantes. São necessárias pesquisas adicionais para nos ajudar a entender esses resultados, para que mais e melhores terapias para o Alzheimer possam ser criadas e efetivamente testadas”, acrescentou.

O estudo mostrou também que 80% dos participantes relataram pelo menos um evento adverso, incluindo distúrbios do sistema gastrointestinal ou nervoso, infecções e problemas renais.

Quase 47 milhões de pessoas no mundo sofrem algum tipo de demência, um número que deverá subir para 131,5 milhões até 2050, segundo a federação Alzheimer’s Disease International. Não há cura para a doença, mas FDA, a agência sanitária americana, aprovou cinco medicamentos nos últimos 20 anos para tratar seus sintomas.

(Com AFP)

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