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Transplantes de medula óssea estão suspensos no DF por falta de medicamento

Instituto de Cardiologia confirma falta de insumos e diz que procedimentos devem ser retomados em agosto. Unidade é única do Centro-Oeste a atender pelo SUS.

Fachada do Instituto de Cardiologia do DF — Foto: TV Globo/Reprodução

O Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) suspendeu a realização de transplantes de medula óssea em pacientes com câncer devido à falta de medicamentos. O hospital é o único a realizar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em toda região Centro-Oeste.

De acordo com o ICDF, o serviço está mantido apenas para procedimentos que não envolvem doadores, no caso de transplantes “autólogos”. Já os “alogênicos” – quando o paciente recebe células de familiares – e os “não aparentados”, células do banco de doadores de medula, estão suspensos desde abril.

“[Os transplantes] foram interrompidos temporariamente […] para adequação de insumos específicos para sua realização”, disse a direção do instituto em nota . O ICDF é administrado pela Fundação Universitária de Cardiologia (FUC). A estimativa de retorno é para o “final de agosto de 2020”.

Já a Secretaria de Saúde afirmou que, em janeiro, foi informada pelo ICDF de que o instituto “estava com dificuldades em adquirir alguns insumos e custear alguns procedimentos necessários ao transplante de medula óssea (TMO) alogênico”.

Falta remédio

O GDF também informou que a ala que seria usada para receber pacientes com leucemia, linfomas e mielomas foi destinada para o tratamento de pessoas com a Covid-19 durante a pandemia.

A secretaria disse ainda que os procedimentos de transplante são pagos pelo Ministério da Saúde e, após o faturamento, a secretaria do DF repassa o valor do serviço executado ao Instituto de Cardiologia. A reportagem aguarda um posicionamento da pasta federal sobre a falta da Filgrastima.

Longa espera

UTI Móvel estacionada em frente ao Instituto de Cardiologia do DF (ICDF) — Foto: TV Globo/Reprodução
UTI Móvel estacionada em frente ao Instituto de Cardiologia do DF (ICDF) — Foto: TV Globo/Reprodução

Com o procedimento suspenso, os pacientes com câncer e que necessitam de um transplante de medula óssea no Distrito Federal enfrentam a incerteza da espera. Já quem entrou na Justiça devido à urgência do procedimento foi encaminhado para a realização do transplante em São Paulo.

De acordo com fontes ouvidas , até este sábado (1º), cerca de 20 pessoas aguardavam por um transplante de medula óssea no DF. Se o procedimento clínico não for feito em tempo hábil, o paciente pode ir a óbito.

O ICDF não informou, no entanto, o total de pessoas à espera do transplante. De acordo com médicos hematologistas, o paciente pode ser curado caso tenha a possibilidade de receber células do próprio corpo. Já para pacientes que necessitam de doadores, a substituição das células do sangue, feita por meio do transplante, é a única chance de cura.

ICDF em crise

Em outubro de 2018 o Instituto do Coração do Distrito Federal suspendeu a marcação e a execução de procedimentos eletivos – aquele sem urgência, agendados previamente. À época, o hospital disse enfrentar instabilidade financeira e um “sério desabastecimento de insumos”.

Ao G1, o ICDF responsabilizou o governo do DF. Em um ofício enviado à Secretaria de Saúde, o hospital acusa a pasta de não realizar os pagamentos dos dois contratos vigentes. Já o GDF negou essa falha nos repasses.

Outros transplantes

O Instituto de Cardiologia do DF é uma instituição sem fins lucrativos que realiza atendimentos de alta complexidade cardiovascular e transplantes desde 2009.

Apesar da interrupção do atendimento a pacientes com câncer, o ambulatório e a enfermaria do ICDF seguem funcionando.

De janeiro a julho deste ano, o instituto realizou 90 procedimentos de transplantes. Neste período, 38 passaram por cirurgia de fígado, outros 24 de medula óssea, 14 de rim, 9 de coração e 5 de córneas.

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