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Teste inédito de covid-19 no Brasil pode ajudar a achar melhor tratamento

Teste farmacogenético pretende encontrar o melhor remédio para cada pessoa com base em seu DNA

Um profissional de saúde usando roupas protetoras atende a uma paciente numa UTI de hospital (Andreas Solaro/AFP)

Na medicina, muito se fala sobre os remédios receitados para determinados pacientes de acordo com o seu próprio DNA. A ideia é que, seguindo o sequenciamento genético das pessoas, pode-se encontrar a medicação e a dosagem correta para cada um — evitando os infames efeitos colaterais que um indíviduo pode ter durante um tratamento enquanto outro paciente, com o mesmo remédio, não sente absolutamente nada.

Nos Estados Unidos, a chamada medicina de precisão já é usada, embora de forma limitada, em casos de crianças com leucemia e HIV, pelo fato de muitos serem alérgicos a determinados remédios. Agora, aqui no Brasil, o laboratório GnTech vai usar a tecnologia farmacogenética também para entender qual medicamento será melhor indicado para cada caso de covid-19.

Estudos apontam que cada pessoa, apesar de ser integrante ou não de um grupo de risco, sofrem efeitos diferentes da doença a longo prazo. De anticorpos a diabetes, a opção de medicar as pessoas de acordo com seu próprio DNA pode ser algo bastante positivo na hora de testar as drogas que têm mostrado resultados positivos na luta contra a covid-19 — como é o caso da hidroxicloroquina, de outros antivirais, antibióticos, anticoagulantes e antiparasitas que podem ajudar no tratamento. Outros remédios, como o remdesivir e a dexametasona ainda não estão incluídos no teste. “Nosso critério é apenas incluir genes que tenham uma assertividade científica mais alta”, explica o doutor Guido May, médico do corpo clínico do Albert Einstein e sócio fundador da GnTech.

A tecnologia da GnTech será capaz de analisar 60 genes e 172 fármacos voltados para tratamentos de doenças infecciosas como o novo coronavírus, cardiológicas, que também podem impactar nos casos do SARS-CoV-2, oncológicas e psiquiátricas, como transtornos de ansiedade, transtorno bipolar e depressão. “Os medicamentos impactam os genes de três maneiras: na metabolização, de que maneira ele será metabolizado pelo corpo e portanto em que dose ele vai correr pelo sangue do paciente, impactam na resposta, de que maneira o medicamento vai atingir o sistema nervoso dos humanos e o teste mostra se o medicamento será bom e também na toxicidade, o que mostra se o remédio vai ter mais ou menos efeitos colaterais. Usamos nossos algoritmos para cruzar todos esses dados”, diz.

O novo teste já estava sendo estudado há algum tempo, inclusive com remédios como a própria hidroxicloroquina e a azitromicina em sua base, mas o foco mudou uma vez que a pandemia do coronavírus alastrou o mundo. A testagem farmacogenética, que visa ajudar os médicos a encontrar a melhor forma de tratamento para os pacientes, também é um movimento interessante para os negócios da empresa.

O TOTALGENE, como é chamado o teste que analisa as quatro frentes médicas, custa 3.893 reais à vista e pode ser parcelado em até 12x. Já o preço dos testes por especialidade é de 3.380 reais à vista e pode ser parcelado em 12x de 331 reais. Os pacientes poderão adquirir os testes por si só e levá-los a um médico especializado para que ele faça a interpretação correta e indique o melhor medicamento baseado no DNA.

Para May, os novos testes serão capazes de trazer mais eficiência no tratamento dos infectados. “O mais importante de tudo é que o teste é uma ferramenta para tornar os tratamentos mais rápidos e mais seguros e além disso economizar custos. Se a gente tem tratamentos mais eficientes, a gente também economiza custos com tratamentos ineficientes”, garante.

Nenhum medicamento ou vacina para a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

Segundo o monitoramento em tempo real da universidade Johns Hopkins, mais de 10 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 509.474 morreram, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com mais de 2,5 milhões de doentes e mais de 129 mil mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.368.195 de infectados e 58.314 óbitos.

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