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Taxa extra para o consumo de água deve começar ainda nesta semana

Saiba como ela vai pesar no orçamento e como fazer para economizar

Entre as economias feitas, Ivani reutiliza a água da máquina de lavar
Entre as economias feitas, Ivani reutiliza a água da máquina de lavar

Esta semana, o brasiliense não deve escapar de pagar mais pela água. Como o nível do reservatório do Descoberto bateu os 27,42% ontem, o índice chegou ao limiar dos 25%, percentual no qual começará a ser cobrada a tarifa de contingência. A medida visa racionalizar o consumo atacando o local mais sensível do consumidor: o bolso. Todos aqueles que gastarem mais que 10 mil litros por mês terão que desembolsar 20% a mais.

A ideia é que, com a taxa, haja uma economia de 15% e, com sorte, o brasiliense possa fugir do racionamento. A quantia não afetará apenas moradores do Plano Piloto, que chegam a consumir 12 mil litros de água per capita por mês: 55% das casas no DF usam mais que o volume estipulado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa). Até julho, a programadora de computadores Ivani Marreiros, 52 anos, morava apenas com o marido e uma filha, gastando cerca de 13 mil litros de água por mês. A partir de agosto, a filha mais velha e a neta vieram morar com a família, o que fez o consumo mensal subir para 15 mil litros. A última conta paga registrou o valor de R$ 127,11. Caso ela tivesse de pagar a tarifa de contingência, o novo preço subiria para R$ 152,53, pela mesma quantidade (veja arte). “É um gasto a mais dentro de casa, mas entendo que a população só começa a dar valor à água usada quando o valor pesa no bolso.”

A programadora faz em casa o máximo de economia, mas acha difícil consumir 10 mil litros. “Eu e meu esposo trabalhamos o dia todo, e nossas filhas passam grande parte do dia na escola, não somos uma família com gastos supérfluos. Reutilizamos a água da máquina de lavar para limpar a área e, quando chove, coloco bacias para captar a água da chuva. Não consigo imaginar outros modos de diminuir o consumo”, diz Ivani.

Para o economista Roberto Piscitelli, o peso financeiro não só vai ajudar a economizar como é extremamente necessário para que haja uma mudança na forma como a população lida com a água. Porém, ele critica uma tarifa baseada em um consumo específico. “Ela não faz distinção entre ricos e pobres. O mais adequado seria uma taxação progressiva, porque áreas como o Lago Sul gastam bem mais que localidades como Candangolândia”, justifica. Dessa forma, quanto maior o gasto, maior seria o pagamento. “Ainda assim, é um mecanismo para diminuir a cultura perdulária do brasileiro. Mas ela não pode vir sozinha. É preciso também aumentar as campanhas educativas.”

Mudança de hábito

Mesmo que muitas casas estejam se adaptando aos novos tempos, o ideal, dizem os especialistas, é forçar ainda mais a mudança de hábitos. “São alterações mínimas, como banhos reduzidos, reutilização da água que lava as roupas para outras atividades”, exemplifica Marcelo Gonçalves Resende, integrante do Conselho de Recursos Hídricos do DF.

Na casa de José de Carmo, 62 anos, vivem ele e mais quatro pessoas. Diferentemente de Ivani, a família do aposentado passa mais tempo em casa, situação que reflete no valor da conta de água. No débito pago na última semana, o consumo mensal foi de 21 mil litros, número que totalizou um valor de R$ 191,36. Com a taxa, o valor subiria para R$ 229,99. “É um acréscimo absurdo. Temos esse consumo para suprir as nossas necessidades básicas, não ficamos desperdiçando.” Em julho, a família de José consumiu 17 mil litros; em agosto, 19 mil; e em setembro, 21 mil. Para o aposentado, a justificativa foi o calor. “Se está mais quente, consumimos mais água e tomamos mais banhos por dia”, explica. Para a família não pagar o acréscimo na conta, deverá diminuir o consumo em 52%.

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