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Redução de sal nos alimentos não alterou a hipertensão no Brasil

Apesar da diminuição do teor de sódio nos alimentos industrializados, o número de brasileiro com hipertensão continua alto

A retirada de quase 15.000 toneladas de sal dos alimentos industrializados no Brasil não diminuiu o número de hipertensos. De acordo com a pesquisa Vigitel, cerca de 25% da população, ou um em cada quatro brasileiros continua com pressão alta. (Thinkstock/VEJA/VEJA)
A retirada de quase 15.000 toneladas de sal dos alimentos industrializados no Brasil não diminuiu o número de hipertensos. De acordo com a pesquisa Vigitel, cerca de 25% da população, ou um em cada quatro brasileiros continua com pressão alta. (Thinkstock/VEJA/VEJA)

Apesar do acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) ter retirado mais de 14.000 toneladas de sódio dos alimentos processados desde 2011, não houve alteração no número de pessoas com hipertensão no Brasil. Dados da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), de 2015, apresentados nesta quarta-feira, mostram que, como em 2014, quase 25% da população brasileira é hipertensa.

As mulheres são maioria nesse cenário e respondem por 27,3% dos casos, enquanto os homens respondem a 22% dos casos. Os hipertensos crescem com o avanço da idade e também com a diminuição da escolaridade. Nas capitais, Palmas apresenta o menor número de hipertensos no país, com 15,7%, e Rio de Janeiro a maior, com 30,6% das pessoas com hipertensão.

Ainda de acordo com o levantamento, o brasileiro tem apenas uma pequena percepção sobre seu consumo excessivo de sal, já que só 14,9% da população considera consumir uma grande quantidade da substância. Vale ressaltar que, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE) de 2008, 70% da população brasileira consome sódio em excesso. O limite máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de cinco gramas por dia, mas a média nacional, de acordo com o POF, é de 12 gramas, ou seja, mais do que o dobro do limite indicado.

O problema é que o consumo excessivo de sal é fator de risco para doenças crônicas como diabete, hipertensão e obesidade. Por isso, o acordo, implantando em quatro etapas, entre o ministério e a Abia tem como meta a retirada de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro até 2020.

Etapas — A primeira, introduzida em abril de 2011 retirou 1.859 toneladas de sódio de alimentos como macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha. A segunda, com menos 5.793 toneladas, envolveu bolos, salgadinhos, batatas fritas, maioneses e biscoitos. A terceira abrangeu margarina, cereais, caldos e temperos e levou à redução de 7.241 toneladas. E a quarta, cujos resultados serão divulgados em 2017, engloba embutidos, como linguiças, presuntos e mortadelas, além de queijos e sopas.

“A redução do sódio nestes alimentos, tão consumidos pela população, é fundamental. O excesso de sódio é muito prejudicial à saúde em longo prazo. Precisamos tomar todas as iniciativas possíveis para promover essa redução”, observa Ricardo Barros, ministro da saúde.

Segundo cálculos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a diminuição do consumo excessivo de sal poderá reduzir em até 15% os óbitos por acidente vascular cerebral (AVC) e em 10% as mortes por infarto.

Açúcar — Agora, o Ministério da Saúde e a Abia conversam sobre um novo acordo para reduzir o nível de açúcar nos alimentos industrializados. A OMS recomenda que o consumo de açúcar não ultrapasse 10% das calorias consumidas por dia, o equivalente a, aproximadamente, 50 gramas/dia. Mas, segundo o POF, a média do brasileiro é de 16,3%.

Como o sal, o consumo excessivo de açúcar é fator de risco para o desenvolvimento da obesidade, além de doenças como o diabetes. Segundo o Vigitel 2015, mais da metade da população adulta (53,9%) está acima do peso e o diabetes atinge 7,4% das pessoas. A nova parceria deverá utilizar a mesma metodologia já aplicada para a diminuição de sódio, com o início da primeira etapa estimado para 2017.

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