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Profissionais de saúde do país também relatam medo diante da pandemia

Homenageados pela população ao redor do mundo, profissionais de saúde do país relatam desgaste e apreensão diante da pandemia

Profissionais do Centro de Saúde Capoeiras, em Florianópolis: principal forma de colaborar é manter o isolamento social
(foto: arquivo pessoal )

O mundo vive uma guerra com um inimigo comum e invisível. E os principais soldados contra o novo coronavírus (Covid-19) são os profissionais da área da saúde. “Nós somos o front dessa batalha”, afirma a presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF), Heloisa Costa Ravagnani, se referindo a médicos, enfermeiros, técnicos, entre outros. Apesar de serem corajosos e heroicos, eles também são seres humanos e compartilham da enorme sensação de medo diante dessa pandemia.

“Particularmente, vivemos um momento de estresse tão grande que sabemos que temos de ser fortes lá fora, mas a carga de trabalho triplicou, a minha e a de todos os profissionais da saúde, e estamos completamente desgastados emocionalmente”, desabafa a médica. A previsão, segundo o Ministério da Saúde, é que ocorra uma “disparada” dos casos do novo coronavírus no Brasil em abril com queda somente em setembro.

Para agradecer quem ajuda a salvar vidas, a população brasileira aplaude os profissionais da saúde nas janelas de casas e apartamentos, por volta das 20h. A iniciativa foi motivada por campanha nas redes sociais embalada pela hashtag #AplausosNaJanela.

“A nossa percepção era de que a população não reconhecia o nosso trabalho, achava que era obrigação. Vínhamos de uma relação ruidosa com a população por uma série de desgastes com o sistema de saúde público”, comenta Heloisa Ravagnani.
“É emocionante ver esse reconhecimento. Traz uma sensação de união, uma recompensa que nos incentiva a continuar nessa batalha”, completa a infectologista.

Vulnerabilidade

São poucas as informações sobre o novo coronavírus, apesar de haver pesquisas por todo o mundo em busca de respostas. Sabe-se que, de forma geral, as chances de desenvolver uma doença viral e com sintomas mais intensos são maiores quanto maior for a carga viral a qual se for exposto. A classe da saúde, portanto, está nesse grupo. “Somos muito mais expostos e tão vulneráveis quanto qualquer um. Nós também temos nossos medos, nossos pais idosos, filhos pequenos”, explica.
Hospitais em Brasília, Rio e São Paulo já registraram infecções da Covid-19 entre seus profissionais de saúde. Na Itália, foi criado um site em homenagem aos “mortos em combate”. O país havia perdido 17 médicos pela Covid-19 até a última sexta-feira e contabilizado 2.629 profissionais da saúde contaminados até terça passada.

Além do reconhecimento e das homenagens, a principal forma de colaborar  é manter o isolamento social. “O isolamento é fundamental para darmos conta da demanda. Na hora que virar um caos, os casos vão subir, inclusive, entre os profissionais de saúde”, alerta a infectologista. Com o intuito de fortalecer a recomendação, os profissionais de saúde de vários países compartilharam fotos com a frase “Nós estamos aqui por você, fique em casa por nós”.

A pediatra Vanessa Corvino, que atende na emergência do Hospital Regional de Planaltina e do Hospital Daher, no DF, não esconde o receio maior  por também ser diabética. “A gente fica mais apreensiva até porque a nossa carga de informações ruins é maior do que do restante da população. Mesmo sabendo que os grupos de risco são pessoas mais idosas, há vários relatos de médicos jovens que ficaram doentes”, comenta a médica de 29 anos.

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