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PMs acusados de matar ‘Amarildo do DF’ são absolvidos por falta de provas

Auxiliar sumiu após abordagem em Planaltina; militares estavam detidos. Restos mortais de Antônio Araújo foram encontrados 6 meses depois.

amarildo

Por “falta de provas”, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal absolveu os dois policiais militares acusados de torturar até a morte o auxiliar de serviços gerais Antônio Pereira de Araújo. O crime aconteceu em maio de 2013, e o homem ficou conhecido como Amarildo do DF – em alusão ao caso semelhar ocorrido no Rio. A família de Araújo disse que vai recorrer.

Uma juíza de Planaltina determinou que seja expedido alvará para liberar os sargentos Silvano Dias de Sousa e Carlos Roberto José Pereira. Eles estavam presos preventivamente desde março deste ano. Na época, a Justiça entendeu que eles estavam atrapalhando as investigações ao orientar pessoas a darem falso testemunho e exercendo influência dentro da PM para sonegar informações e inventar provas.

“Eu acho que a gente pode dizer como uma revolta. A gente lutar três anos e 23 dias por uma sentença como essa”, disse o irmão da vítima, Maurício Pereira de Araújo. Segundo ele, as testemunhas ouvidas relataram no processo que a abordagem da PM foi violenta. “Não foi uma abordagem dentro dos padrões táticos da Polícia Militar.”

Caso ‘Amarildo do DF’
A vítima desapareceu em 27 de maio de 2013 após ser abordada por policiais de Planaltina dentro da chácara de um sargento da corporação, no Arapoanga. Os restos mortais de Araújo foram encontrados quase seis meses depois, em 21 de novembro, em uma área de cerrado do Setor Residencial Leste.

Até então, o caso estava na Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) e era tratado com “desaparecimento”. A partir daí, foi transferido para a Coordenação de Homicídios, mas sem avanços. Com a troca de equipes na unidade especializada no início de 2015,  as investigações tomaram outros rumos e os dois policiais militares acabaram indiciados e denunciados pelo Ministério Público.

Familiares e amigos ‘velam’ auxiliar de serviços gerais em frente à sede do GDF (Foto: Isabella Formiga/G1)

O sumiço de Antônio Araújo aconteceu durante a gestão do ex-governador Agnelo Queiroz, mas a família só recebeu uma resposta do GDF neste ano. Em julho, após o indiciamento dos suspeitos, a família decidiu enterrar a ossada do auxiliar, que permanecia no Instituto Médico Legal (IML).

Responsável pelas investigações, a delegada Renata Malafaia diz que o homem estava em crise de abstinência alcoólica e, por isso, falava sozinho quando saiu para comprar bebida e passou pela chácara de um PM. “Isso fez os policiais acreditarem que ele estava invadindo a chácara com outra pessoa”, afirmou a delegada.

Renata disse que os policiais torturaram Araújo para que ele dissesse onde estava o possível comparsa. A delegada também informou que, devido às agressões, a vítima teve uma hemorragia, mas que não foi sentida pelo clima e pela abstinência.

Segundo ela, os policiais torturaram Araújo para que ele dissesse onde estava o possível comparsa. A delegada também informou que, devido às agressões, a vítima teve uma hemorragia, mas que não foi sentida pelo clima e pela abstinência.

“Depois que ele deixou a 31ª DP, ele caminhou pelo mato, o que fez acelerar a hemorragia. Tanto que ele morreu a 1,5 quilômetro da delegacia, muito perto para quem queria matar alguém e esconder o corpo”, declarou em julho.

Os dois sargentos têm uma ocorrência registrada em Planaltina, em 2011, por lesão corporal. O crime de tortura seguida de morte tem com pena de 8 a 16 anos de prisão, aumentada entre um sexto e um terço quando cometido por agentes públicos. Se fossem condenados, eles poderiam ser expulsos da corporação.

O caso de Antônio ficou famoso pela semelhança com a história do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido em 14 de julho de 2013 após operação policial na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

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