O país marcou disparo nas importações estimuladas pelas compras em larga escala do setor eletrônico
A China deve anunciar na próxima sexta-feira (16/4) uma forte aceleração do crescimento no primeiro trimestre graças às exportações e à demanda interna, depois de se recuperar de uma contração histórica provocada pela covid-19.
Um grupo de 15 analistas consultados pela AFP calcula, em média, que o Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia mundial crescerá 18,7% em ritmo anual no período janeiro-março.
O dado oficial do PIB da China, às vezes questionados, é acompanhado de perto pelo peso do país na economia mundial.
Se o resultado for confirmado, este ritmo de crescimento será o máximo histórico para a China desde 1992, quando começaram a ser publicados os dados de crescimento trimestral.
Uma situação que contrasta fortemente com o cenário do mesmo período no ano passado, quando a pandemia de covid-19 paralisou o país e levou o PIB no primeiro trimestre de 2020 a a registrar queda de 6,8%, o pior resultado econômico em 44 anos.
A China, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez no fim de 2019, conseguiu desde então praticamente erradicar a epidemia graças a um rígido controle das viagens e retomar uma vida quase normal.
Além disso, o país registrou crescimento no ano passado (+2,3%), ao contrário da maioria das economias, que entraram em recessão.
E no início de 2021 “todos os indicadores chave de atividade mostram fortes aumentos”, destaca o analista Tommy Wu, da Oxford Economics.
Um exemplo vem das importações, que dispararam 38,1% em ritmo anual em março, estimuladas pelas compras em larga escala do setor eletrônico. Um ano antes, em plena epidemia, o resultado foi uma queda de 0,9%, consequência da redução do consumo interno.
A atividade no setor de serviços – ponto fraco na recuperação devido à desaceleração da hotelaria e transportes – atingiu em março o maior nível desde o início do ano.
E o setor precisou inclusive contratar para atender a demanda, segundo o índice independente Caixin, conhecido por apresentar uma imagem fiel da conjuntura.
Nos próximos meses, o retorno à normalidade e a suspensão das restrições às viagens devem continuar apoiando a demanda interna, disse Wu.
O consumo das famílias será um dos motores do crescimento da China este ano, ao lado das exportações, afirmou o economista Rajiv Biswas do IHS Markit.
Se a recuperação da economia é inegável, os números podem ser enganosos devido à frágil base de comparação com o ano passado, explica o analista Raphie Hayat, do Rabobank.
Os analistas consultados pela AFP projetam, em média, um crescimento de 8,5% este ano na China, o que representaria o maior ritmo desde 2011.
O Fundo Monetário Internacional tem uma previsão similar (8,4%).
Mais prudente, Pequim anunciou no mês passado a meta de crescimento de pelo menos 6% este ano.