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PF faz operação contra família de chefe do tráfico na fronteira do Paraguai

Entre alvos estão mulher, mãe, filhos e outros familiares do traficante Jarvis Pavão, detido na Penitenciária Federal de Brasília desde agosto do ano passado. Grupo é acusado de lavar dinheiro e ocultar bens obtidos por meio do tráfico internacional.

Material apreendido na operação Pavo Real, que tem como alvo o traficante Jarvis Pavão — Foto: Polícia Federal/Divulgação

A Polícia Federal começou a cumprir, na manhã desta quinta-feira (27), 21 mandados de prisão –16 preventivas e cinco temporárias – e 67 de busca em apreensão no Distrito Federal e outros quatro estados. As ordens são parte da operação Pavo Real, que tem como alvo uma organização criminosa liderada pelo traficante Jarvis Pavão.

Preso na Penitenciária Federal de Brasília desde agosto do ano passado, Jarvis foi apontado como integrante da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (veja mais abaixo). Segundo as investigações, ele comandou, junto de familiares, um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens obtidos por meio do tráfico internacional de drogas.

A organização criminosa contava com a esposa, a mãe, o padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos. Todos foram detidos nesta quinta.

Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Rondônia e estão sendo cumpridos também nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina. A operação também contou com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Receita Federal.

Segundo a PF, as investigações foram iniciadas em fevereiro de 2019, quando Jarvis estava detido na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). À ocasião, foram encontrados diversos bilhetes escritos à mão e com anotações de imóveis codificados por siglas e codinomes.

De acordo com as investigações, além da ocultação de bens, o grupo também participou de disputas pelo controle do tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, “em uma verdadeira ‘guerra’ contra facções e organizações rivais”.

Operação Pavo Real

Itens apreendidos na operação Pavo Real, da Polícia Federal — Foto: PF/Divulgação
Itens apreendidos na operação Pavo Real, da Polícia Federal — Foto: PF/Divulgação

A primeira fase da operação foi deflagrada em junho do ano passado. À ocasião, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em imóveis de alto padrão em Porto Velho, que teriam sido alugados pelo grupo criminoso para ficar mais próximo à penitenciária federal da cidade.

Nesses locais, os policiais também encontraram armas, munição e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que, segundo a PF, reforçaram o esquema de lavagem de capitais.

Além dos mandados, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e o sequestro de 50 imóveis. Também ordenou a suspensão da atividade comercial de 22 empresas que, segundo a PF, eram usadas para a movimentação dos valores ilícitos.

Jarvis Pavão

Jarvis Ximenes Pavão era, segundo a Justiça brasileira, o representante da quadrilha paulista no Paraguai. Em 2009, ele passou a cumprir pena no país vizinho, mas também pesava uma condenação a 17 anos de prisão no Brasil, por tráfico de drogas.

Em 2017, de acordo com as polícias paraguaias e brasileiras, mais de 20 execuções foram registradas na região da fronteira, no Mato Grosso do Sul. Um delas foi a do irmão de Jarvis, Rony Pavão, assassinado em março de 2017, com disparos de pistola 9 milímetros. Segundo as investigações, a morte foi resultado da guerra pelo controle da venda de drogas.

Em dezembro de 2017, Pavão foi extraditado para o Brasil para cumprir a pena imposta no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, por tráfico e lavagem de dinheiro. Desde então, passou pelos presídios de Brasília e Porto Velho, voltando à capital no ano passado.

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