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O que é o soro contra covid-19 do Instituto Butantan?

Segundo o Butantan, a ideia é que o soro contribua para reduzir a letalidade de casos ao amenizar os sintomas em pessoas já infectadas

Instituto Butantan: pesquisadores coletaram plasma de animais para a criação do soro (Amanda Perobelli/Reuters)

Na última quarta-feira, 24, a Anvisa autorizou o início de testes clínicos em humanos para o soro contra a covid-19 produzido pelo Instituto Butantan.

O estudo, que será conduzido pelos médicos Ésper Kallas e José Medina, membros do Centro de Contingenciamento da Covid-19 em São Paulo, será realizado em pacientes transplantados do Hospital do Rim e com comorbidades do Hospital das Clínicas. Ao todo, 3.000 frascos estão prontos para iniciar o estudo clínico e mais 3.000 prontos para envasar.

Segundo o diretor do instituto, Dimas Covas, os testes pré-clínicos em animais se mostraram promissores. “Esperamos que a mesma efetividade seja mostrada nesses estudos clínicos”, afirmou ele, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes no início do mês.

O objetivo do soro é amenizar os sintomas da doença em pessoas já infectadas, e não prevenir a doença. Segundo o Butantan, a ideia é que o soro contribua para reduzir a letalidade de casos.

Outros estudos sobre o tema tiveram resultados satisfatórios até o momento. Na Argentina, o estudo clínico com plasma de cavalo foi feito com 160 pacientes pela Fundação Infant e mostrou que a administração precoce em idosos com infecção moderada reduziu a progressão da covid-19. Nenhum evento adverso foi observado.

O que é o soro contra covid-19 do Instituto Butantan?

De acordo com site do Butantan, o instituto se especializa na produção de soros há mais de um século. “Sua produção envolve a imunização de cavalos com antígenos produzidos a partir de venenos, toxinas ou vírus, a obtenção de diferentes tipos de plasma, que são submetidos a processamento industrial de purificação e formulação”, afirma.

Para a criação do soro contra a covid-19, o vírus SARS-CoV-2 foi isolado de um paciente brasileiro para ser cultivado, inativado e submetido a testes em camundongos, para depois serem testados em cavalos. Os animais produziram anticorpos após receberem o vírus inativado e o plasma resultante foi coletado e processado, dando origem ao produto.

Ao longo do estudo, foi constatada a diminuição da inflamação dos pulmões de hamsters após um dia de tratamento, o que pode contribuir na redução da letalidade da covid-19. “Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nesses estudos clínicos”, destacou o diretor em coletiva de imprensa semana passada.

Concentrado de anticorpos contra o novo coronavírus, a expectativa é que o soro possa ser aplicado assim que o paciente apresentar manifestações clínicas da doença. “Já começa a ter resposta imune contra o vírus. Ela está com vírus circulando e quando injeta o soro, ele está carregado de anticorpos, e são esses anticorpos que vão combater o vírus”, explicou o diretor.

Não há data para os resultados dos testes clínicos ou para a produção em massa do soro no Brasil. O instituto ainda precisa apresentar informações complementares à agência, que afirma não ter recebido integralmente todo o material necessário.

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