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Militares de Portugal se recusam a acompanhar navio russo e Marinha do país condena decisão

No sábado (10) à noite, 13 militares da Marinha portuguesa negaram missão para acompanhar um navio russo ao norte da ilha de Porto Santo, na Madeira, alegando questões de segurança. Mas a força diz que a embarcação estava em condições normais.

© Sputnik / Caroline Ribeiro
A decisão dos militares – quatro sargentos e nove praças – que trabalhariam no acompanhamento a bordo do navio NRP Mondego levou a Marinha a considerar que os tripulantes “não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos”, segundo o jornal O Observador.
“Estes fatos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso”, afirmou a força em nota.
Do lado dos 13 militares, o argumento é que a decisão foi tomada por conta de diversas questões de segurança, entre elas, que a missão foi pedida em um momento em que as previsões meteorológicas “apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros”.
Segundo os militares, o próprio comandante do NRP Mondego “assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas” do navio, escreve o jornal.
Além das ondas, também foi citado o fato de um motor e um gerador de energia elétrica não estarem funcionando e que a embarcação “não possui um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo, ficando estes acumulados nos porões, aumentando significativamente o risco de incêndio”.
A Marinha rebateu, e apontou que avaliação dos navios em condições não cabe aos militares, confirmando que o NRP Mondego estava com “um defeito em um dos motores”, mas refere que a missão que desempenharia era “de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas”.
A força fez questão de sublinhar que a “avaliação das prioridades das missões e estado do navio segue uma linha hierárquica bem definida e estruturada”, sendo que “cabe apenas à Marinha, e à sua linha hierárquica, a definição de quais os navios em condições de cumprir com as missões atribuídas”.
“Essa avaliação, mais uma vez, pertence à linha de comando e à Superintendência do Material, enquanto entidade técnica responsável. Ambas as entidades não consideraram estar o navio inseguro para navegar”, indicou a força.
Porém, pela Associação Nacional de Sargentos, ouvida pela CNN, está “não é uma questão de disciplina” mas de “lealdade e de frontalidade perante o mau estado de um equipamento”.
O presidente da associação, António Lima Coelho, disse esperar que “não venha daí qualquer tipo de represália” da Marinha, uma vez que essa situação resulta do “desinvestimento nas Forças Armadas”.
“O material vai-se degradando, as horas de manutenção não são as que deveriam ser e tudo isto vai criando cada vez mais dificuldades ao cumprimento da missão. Por outro lado, os nossos governantes assumem cada vez mais missões sabendo que têm cada vez menos gente e meios cada vez mais desgastados”, lamentou.

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