Além do chefe, outros doze integrantes da facção também serão internados no regime disciplinar diferenciado no presídio de Presidente Bernardes (SP)
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou nesta quarta-feira a transferência da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) para o presídio de Presidente Bernardes (SP), onde os detentos são submetidos ao regime disciplinar diferenciado (RDD). Considerada a punição mais rígida do sistema penitenciário paulista, o RDD prevê que o detento fique isolado numa cela, com direito a apenas duas horas diárias de banho de sol e duas visitas por semana também de duas horas.
Entre os líderes que devem ser deslocados nas próximas horas, está Marcos Herbas Camacho, o Marcola; Antonio José Muller Junior, o Granada; Paulo César Souza Nascimento Júnior, o Neblina; e Paulo Pedro da Silva, o Beiço; e Valdeci Francisco Costa, o CI. Este último é apontado pela Polícia Civil de São Paulo como o “CEO do PCC”, responsável por estruturar um grupo de advogados que prestavam diversos serviços à facção, como pagar propina a autoridades corruptas, infiltrar-se em órgãos de direitos humanos e ser o canal de comunicação entre a liderança encarcerada e os subalternos soltos.
A internação no RDD ocorre no âmbito da Operação Ethos, que denunciou 54 pessoas por associação criminosa e corrupção. Entre os alvos, estão os integrantes do chamado “Conselho Deliberativo” do PCC, encarcerado na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP); o grupo de advogados autointitulado de “célula R” e o ex-vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luiz Carlos dos Santos, que permanece preso por envolvimento com a facção.
A Justiça atendeu a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo que apresentaram indícios de que os líderes da facção — Marcola com uma posição de destaque — continuam coordenando “atividades criminosas” e emitindo ordens de dentro do presídio. A Justiça determinou que o regime seja cumprido inicialmente em sessenta dias — a duração máxima prevista na legislação é de 360 dias.
A última vez que Marcola foi ao RDD ocorreu no ano passado, quando uma investigação da Polícia Civil descobriu um plano para resgatar o chefão de Presidente Venceslau por meio de dois helicópteros, que voariam até o Paraná e depois para o Paraguai. Em 2006, a transferência de Marcola e de outros integrantes do PCC para o regime diferenciado teria sido uma das razões que motivaram a onda de ataques e rebeliões que alarmaram o Estado naquela ano.