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Greve dos metroviários já dura 71 dias; TST julgará processo da categoria

Usuários do transporte público do Distrito Federal têm a rotina afetada há mais de dois meses por conta da paralisação dos funcionários

Por volta das 17h30, as filas para comprar os bilhetes e entrar nos trens são enormes: superlotação no metrô e nos ônibus
Por volta das 17h30, as filas para comprar os bilhetes e entrar nos trens são enormes: superlotação no metrô e nos ônibus

 

A queda de braço entre governo, a empresa e os metroviários afeta diretamente a rotina de pelo menos 160 mil usuários todos os dias no Distrito Federal. Os impactos também podem ser sentidos no trânsito e no agravamento da superlotação dos ônibus. A Companhia Metropolitana de Brasília (Metrô-DF) estima que pelo menos 55 mil pessoas deixaram de usar os trens diariamente nos últimos 71 dias de greve dos trabalhadores.

É a mais longa greve dos funcionários do Metrô. Há uma expectativa de que o desfecho se dê amanhã, quando o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgará o processo de dissídio da categoria. Além de avaliar a legalidade do movimento — questionada pelo governo e pela companhia —, os magistrados analisarão se a empresa poderá descontar os dias parados e um recurso do sindicato contra a decisão em primeira instância que obriga os servidores a trabalharem durante o horário de pico. Eles queriam manter apenas 40% dos servidores. Recentemente, o Metrô sofreu uma derrota nos tribunais: o TRT determinou o chamamento dos concursados. A Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) aguarda ser intimada da decisão para avaliar se recorrerá da sentença.

Paulo César Marques da Silva, doutor em estudos de transportes e professor da Universidade de Brasília (UnB), diz que, em qualquer lugar do mundo, uma greve tão prolongada de um sistema de transporte seria “um escândalo”. “As demandas não aparecem de uma hora para outra e os governos não têm se preparado para evitar uma situação extrema como é a greve”, explica, independentemente de quem tenha razão no caso.
O escândalo aponta para uma direção: o prejuízo à população. Na tarde de ontem, o Correio esteve na Estação Arniqueiras, em Águas Claras. Os usuários reclamam que, em horários de pico, é praticamente impossível embarcar nos trens, de tão lotados que eles ficam. As mudanças na rotina incluem sair mais cedo de casa, usar o automóvel ou o ônibus. A estudante Letícia Cota, 22 anos, diz que a greve a prejudicou de inúmeras maneiras. A pior delas ocorreu quando ela perdeu a oportunidade de um intercâmbio por conta da falta de meios de transporte: “Eu precisava ir tirar o passaporte na rodoviária da Asa Sul. Como estava sem metrô, tive de ir de ônibus, mas, por conta do trânsito, eu não consegui chegar a tempo para arrumar a delegação”, relata.
Por volta de 17h30, havia filas para a compra de ingressos e para o embarque. Mas, segundo os usuários, a situação é crítica por volta das 7h e a partir das 18h30. O professor Marlon Costa, 35 anos, mora em Águas Claras e trabalha no Plano Piloto. A restrição do horário de funcionamento fez com que ele aumentasse os gastos com transporte. “Tenho usado o carro em vários momentos e, com isso, meu gasto com gasolina aumentou bastante”, afirma Marlon.
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