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Em novo recorde, Brasil ultrapassa pela primeira vez média de 2 mil mortes diárias em uma semana

País registrou, nas últimas 24 horas, 2.736 novos óbitos e bateu recorde no número de casos: 90.830, segundo boletim do consórcio da imprensa

RIO — O Brasil registrou nesta quarta-feira 2.736 mortes por Covid-19 e atingiu, pela primeira vez, a marca de 2.031 óbitos na média dos últimos sete dias. Isso significa que o país passou de 14 mil vítimas da doença em uma semana, o que nunca havia acontecido antes. Agora, são 285.136 vidas perdidas para o novo coronavírus desde o começo da pandemia.

A média móvel de mortes alcançou seu patamar mais alto pelo 19º dia consecutivo. O cálculo é 48% maior do que o registrado duas semanas atrás.

Desde 20h de terça-feira, 90.830 novos casos foram notificados pelas secretarias de saúde, número mais alto desde o começo da pandemia, totalizando 11.700.431 infectados pelo Sars-CoV-2. A média móvel foi de 70.637 diagnósticos positivos, 23% maior do que o cálculo de 14 dias atrás.

A “média móvel de 7 dias” faz uma média entre o número do dia e dos seis anteriores. Ela é comparada com média de duas semanas atrás para indicar se há tendência de alta, estabilidade ou queda dos casos ou das mortes. O cálculo é um recurso estatístico para conseguir enxergar a tendência dos dados abafando o ruído” causado pelos finais de semana, quando a notificação de mortes se reduz por escassez de funcionários em plantão.

Vinte e cinco estados atualizaram seus dados sobre vacinação contra a Covid-19 nesta quarta-feira. Em todo o país, 10.713.615 pessoas receberam a primeira dose de um imunizante, o equivalente a 5,06% da população brasileira. A segunda dose da vacina, por sua vez, foi aplicada em 3.916.493 pessoas, ou 1,85% da população nacional.

Os dados são do consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo e reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h. A iniciativa dos veículos da mídia foi criada a partir de inconsistências nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.

Recorde absurdo’

Doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Petry avalia que o recorde de mortes é “um absurdo”, mas que pode ser explicado diante da quantidade de pessoas que estariam desdenhando da força da pandemia, além da ineficácia da campanha de imunização do governo.

— Sabemos as razões para essa tragédia: o negacionismo, o ritmo lento de vacinação, a circulação de novas linhagens, entre outros fatores. A ocorrência de novos casos, internações e mortes torna-se inevitável.

Petry também atribui o alto índice de letalidade ao colapso do sistema de saúde e à exaustão das equipes médicas.

— Vemos filas por leitos, e a cada dia o quadro do paciente vai piorando. Por isso, quando chega À UTI, sua situação está muito grave.

Na avaliação de Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e neurocientista (UFRGS), divulgadora científica pela Rede Análise Covid-19, a redução ou não das mortes depende do engajamento da sociedade.

— Se reduzirmos a mobilidade, os contatos, aderirmos às restrições e às medidas de enfrentamento, ainda veremos números altos por cerca de duas a quatro semanas, muito em função do atraso de notificação. No entanto, serão poucas semanas se comparado a um cenário em de não redução da mobilidade.

Opas alerta sobre Brasil

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou nesta quarta-feira sobre a evolução da pandemia da Covid-19 no Brasil, onde foi registrado um novo recorde de mortes pela doença em 24h na véspera, e destacou a necessidade de liderança para conter o avanço do coronavírus.

— A situação no Brasil é um alerta de que manter este vírus sob controle requer atenção contínua das autoridades e líderes de saúde pública para proteger as pessoas e os sistemas de saúde do seu impacto devastador— disse a diretora da OPAS, Carissa Etienne.

Segundo a OPAS, nas últimas semanas, o Brasil relatou o maior número de novas infecções nas Américas e o segundo maior número de mortes diárias por Covid-19 no mundo. Várias regiões do país estão enfrentando infecções recordes e estão com leitos hospitalares quase lotados.

— Os governos locais e nacionais devem agir ao primeiro sinal de que as infecções estão aumentando, implementando medidas para retardar a transmissão. Não podemos esperar — acrescentou Etienne.

A diretora da OPAS pediu que as autoridades protejam a população brasileira. Ela também destacou que a Covid-19 avança rapidamente em metade dos países das Américas.

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