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Em meio à pandemia, 6,5 mil brasileiros tentam retornar ao Brasil

Espalhados em 88 países, brasileiros sofrem muitas vezes com falta de dinheiro e hospedagem

Coronavírus: medidas restritivas impendem o retorno dos brasileiros que estão “presos” no exterior (Rebeca Figueiredo Amorim/Getty Images)

Até as 18h do último sábado, havia 6.469 brasileiros no exterior, em 88 países, sem conseguir voltar para o Brasil, devido às medidas restritivas adotadas para evitar a expansão da pandemia de coronavírus, entre os quais o fechamento de fronteiras.

Os números fazem parte de um relatório elaborado pelo grupo de acompanhamento criado pelo governo, ao qual O GLOBO teve acesso. Os autores do documento alertam que a situação dessas pessoas é críticas e, em alguns casos, podem se tornar insustentáveis.

Pelo mapeamento, a Europa é a região onde há mais brasileiros retidos, com 2.706 pessoas em 17 países. A tendência é de queda desse volume de pessoas, em razão ao aumento dos voos que têm partido, sobretudo, de Portugal, Itália, Reino Unido e Espanha.

Em Portugal, onde está a maioria (1.541), os casos mais graves estão se tornando “insustentáveis”, mesmo com as iniciativas de acolhimento. Também é crítica a situação de passageiros e tripulantes de cruzeiros na Itália – país onde foi identificado um grupo de brasileiros contaminados pelo Covid-19.

“Há muitos casos graves, situações de vulnerabilidade e desvalimentos”, diz o relatório.

O gabinete de crise contabilizou, no último sábado, 1.642 brasileiros em 14 países da Ásia e do Pacífico. Na Austrália, por exemplo, havia 711 pessoas com dificuldade de deixar o país. Existiam, na Índia, 281 cidadãos do Brasil na Índia – onde existem relatos de agressões a estrangeiros – ,187 na Nova Zelândia e 132 na Indonésia, entre outros.

Até sábado passado, havia 1.105 brasileiros em trânsito na América do Sul com dificuldades de toda sorte para retornar ao Brasil. A Argentina apresenta elevado número de nacionais (602), maioria de turistas, com dificuldades logísticas devido às restrições de trânsito. Também se destacam Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Venezuela – onde há nove pessoas.

Crescem as demandas por auxílios financeiros para hospedagem, transporte e manutenção de turistas que se declaram desvalidos na Argentina, particularmente. Há diversos perfis de turistas brasileiros naquele país, inclusive os de baixo poder aquisitivo, que se deslocam por via terrestre e que não contam com reservas para situações emergenciais.

Na África, há 516 viajantes brasileiros localizados, em sua maior parte, na África do Sul, no Egito, em Angola e Moçambique. Já no Oriente Médio, foram identificados 253 brasileiros, dos quais 94 estão retidos nos Emirados Árabes Unidos, incluindo 40 navios em Dubai, e Arábia Saudita, com 56.

Na América do Norte, há 247 cidadãos do Brasil, sendo o país mais problemático o México, onde 35 brasileiros sofrem “desgaste físico, mental e financeiro”. No México, as fronteiras estão abertas, mas os voos comerciais para o Brasil estão totalmente suspensos. O país continua recebendo estrangeiros e a fronteira terrestre com os Estados Unidos foi fechada para turismo, mas segue aberta para trânsito de mercadorias e de pessoas por motivos essenciais (como trabalho).

“Apesar de, tendencialmente, se tratar de pessoas de classe média ou classe média alta, verifica-se que a prolongada estada em país estrangeiro tem onerado bastante o grupo. Muitos incorrem em gastos altos adquirindo múltiplas passagens, em voos posteriormente cancelados, ou outras despesas”, diz o relatório.

O processo de repatriação de brasileiros tem sido executado, basicamente, de três formas: negociação com companhias aéreas, fretamento de aeronaves pelo Itamaraty e uso de aviões das Forças Armadas – caso do resgate em Cusco, no Peru, há cerca de duas semanas.

O processo de repatriação de brasileiros tem sido executado, basicamente, de três formas: negociação com companhias aéreas, fretamento de aeronaves pelo Itamaraty e uso de aviões das Forças Armadas – caso do resgate em Cusco, no Peru, há cerca de duas semanas.

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