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Em manobra ousada, Johnson pede suspensão do Parlamento à Rainha

No Twitter, um membro do Parlamento Britânico criticou a suspensão do Parlamento, chamando-a de “profundamente antidemocrática”

BORIS JOHNSON: quando questionado sobre se haveria progresso nas conversas, o primeiro-ministro britânico respondeu que isso dependeria dos “amigos” e da intenção deles de se comprometerem (Peter Nicholls/Reuters)

São Paulo – O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, surpreendeu ao solicitar, nesta quarta-feira, (27), a suspensão do Parlamento britânico para a Rainha Elizabeth II.

Se a medida for concedida pela monarca, os parlamentares terão pouco tempo para tentar barrar a saída do Reino Unido da União Europeia sem um acordo de transição. O Brexit está previsto para 31 de Outubro de 2019.

Segundo a Eurasia, a medida de Johnson irá provocar “gritos de indignação constitucional”.

Com a suspensão, a Câmara dos Comuns irá interromper as suas atividades entre 10 e 12 de setembro, época de convenções partidárias que já estavam previstas, e não retornará no dia 7 de outubro, como seria o esperado.

Em carta enviada aos deputados para explicar seus planos, o líder conservador também falou na publicação de um “discurso da rainha” no dia 14 de outubro e que traría o programa para a próxima legislatura.

O documento faria com que os parlamentares passassem os dias seguintes discutindo o seu teor e empurraria a discussão do Brexit para 21 de outubro, poucos dias antes do prazo final estabelecido pela União Europeia.

De acordo com Johnson, os planos de adiamento correspondem ao desejo de seu governo de “desenvolver uma ambiciosa agenda legislativa” sobre a qual os parlamentares poderão votar em outubro e que terá como principal tema um possível acordo para o Brexit com a União Europeia.

Repercussão

De acordo com a BBC, uma fonte do gabinete do primeiro-ministro disse que “chegou o momento de um novo governo estabelecer um plano para o país”, pensando no cenário após o Brexit. Entre parlamentares, no entanto, a medida está enfrentando duras críticas, até mesmo de conservadores.

Philip Hammond, conservador, criticou a suspensão chamando-a de “profundamente antidemocrática”.

 

Para Anna Soubry, líder do Grupo Independente pela Mudança, Johnson está “deliberadamente fechando o Parlamento para impedir que os representantes eleitos do povo façam seu trabalho”.

Caos no Brexit

Mais de três anos após um referendo decidir por 52% que o Reino Unido deixasse o bloco, os termos para isso — ou quando — ainda são pouco claros. A apenas 65 dias até a suposta data limite, os parlamentares estão lutando para impedir que o primeiro-ministro tire o país da UE sem um acordo de transição, direcionando um dos países mais estáveis da Europa a uma crise constitucional.

Na terça-feira, líderes dos partidos da oposição somaram forças para tentar utilizar um procedimento parlamentar para forçar Johnson a adiar o Brexit para além de 31 de outubro. Ao passo que suspender o Parlamento próximo ao discurso de abertura do Parlamento é uma tradição britânica, limitar a votação parlamentar semanas antes da decisão política mais controversa em décadas despertou reações imediatas.

O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, disse que o movimento foi um “insulto à Constituição”

 

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