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Dengue triplica demanda por hemograma e ‘limita’ serviço no DF

Secretaria dispensou licitação e adquiriu 531 mil testes por R$ 1,5 milhão. Exames foram racionados por 15 dias; rede pública faz 6 mil análise por dia.

Trecho do Diário Oficial do Distrito Federal sobre dispensa de licitação para compra de exames de hemograma (Foto: Diário Oficial do Distrito Federal/Reprodução)
Trecho do Diário Oficial do Distrito Federal sobre dispensa de licitação para compra de exames de hemograma (Foto: Diário Oficial do Distrito Federal/Reprodução)

O surto de dengue no Distrito Federal triplicou a demanda por hemogramas na rede pública e chegou até a “limitar” os casos em que o teste é realizado – durante 15 dias apenas pacientes internados ou atendidos em emergências e unidades de atenção à doença podiam fazê-lo, para evitar desabastecimento. Sob a alegação de regularizar o estoque, a Secretaria de Saúde dispensou licitação e gastou R$ 1.587.690 no início do mês para adquirir 531 mil novos kits. Atualmente são feitos em média 6 mil exames por dia.

A compra garante assim testes por 88 dias. A pasta justificou fazer o processo de modo emergencial dizendo que três meses são justamente o tempo necessário para finalizar um pregão regular. A “sobrevida” conseguida com os testes recém-adquiridos foi porém um pouco maior: dados da própria secretaria apontam que, após a compra, o DF tem agora exames suficientes para os próximos seis meses.

O G1 questionou a secretaria por e-mail para saber se o antigo estoque não seria suficiente para o período de realização da licitação regular, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. O último boletim epidemiológico apontou crescimento de 310% no número de casos até 21 de março em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram 6.958 ocorrências, contra 1.697 em 2015.

Nas 11 primeiras semanas de 2016, o GDF identificou 333 casos suspeitos de febre chikungunya, que também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Destes, 27 já foram confirmados por exame sorológico. Em 2015, apenas dois casos haviam sido confirmados no mesmo período.

A Saúde do DF também registra 289 casos suspeitos de infecção pelo vírus da zika, com 27 confirmações por exames. Como a doença não existia no DF no primeiro semestre de 2015, não há como fazer comparações com o ano anterior.

Segundo a secretaria, a distribuição dos hemogramas é feita pela Farmácia Central. Os exames são indicados para pacientes da emergência, internados, em acompanhamento ambulatorial e em fase de pré ou pós-operatório. O teste avalia as células sanguíneas e é utilizado para diagnosticar ou controlar a evolução de uma doença.

Pacientes que têm resultado positivo nos testes rápidos de dengue são submetidos a novo exame (Elisa). Os procedimentos são gratuitos. No caso de chikungunya e zika, o diagnóstico só ocorre após análise em laboratório.

Sintomas e prevenção
A febre chikungunya é uma doença viral com sintomas parecidos com a dengue e transmitida pelos mesmos mosquitos, os Aedes aegypti e o albopictus. Entre eles estão dores fortes, principalmente, nas articulações, de cabeça e musculares, manchas vermelhas na pele e febre repentina e intensa, acima de 39 °C.

A recomendação em ambos os casos é de repouso absoluto e ingestão de líquidos em abundância. A automedicação é perigosa, porque pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro da doença.

Como ainda não existe vacina contra o vírus, o melhor método de prevenção está no combate à proliferação dos mosquitos transmissores. As recomendações são as mesmas já conhecidas para o combate à dengue: evitar água parada em baldes, vasos de plantas, ralos e outros recipientes.

Já a zika é caracterizada por manchas, mesmo com ausência de febre. “Podem vir aquelas manchas vermelhas pelo corpo e olhos vermelhos mesmo sem ter febre. O problema é que, apesar da pouca mortalidade, se a pessoa contrair durante o período que está grávida pode dar problemas na criança”,diz a médica infectologista Rita Uchoa.

O DF instalou, para fazer testes rápidos e prestar atendimento inicial, uma unidade de atenção à dengue em Brazlândia e outra em São Sebastião. Em fevereiro a Secretaria de Saúde constatou a primeira infecção por dengue tipo 3. Com isso, todos os tipos do vírus passaram a circular no DF.

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