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CPI ouve vice-governador e líder sindical sobre suposta propina no DF

Em áudio, eles citam esquema ilegal nas secretarias de Saúde e Fazenda. Rollemberg classificou conversa como ‘chula e leviana’; polícia investiga.

Sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)
Sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Foto: Raquel Morais/G1)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde ouve nesta quinta-feira (21) a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, e o vice-governador, Renato Santana, sobre suposto esquema de propina no governo do Distrito Federal. Em áudios revelados pela “IstoÉ” na semana passada, o gestor diz saber que existe pagamento ilegal em secretarias como Fazenda e Saúde. Por causa da gravação, a Câmara Legislativa antecipou a volta dos distritais que fazem parte da comissão.

Marli foi convocada para comparecer à Câmara às 10h e, a menos que justifique a ausência, não pode deixar de se apresentar. Ela havia pedido para ser ouvida a portas fechadas, mas o GDF conseguiu liminar determinando que o depoimento da sindicalista seja público. Santana foi convidado pelos deputados para ser ouvido às 15h e poderia “declinar” o convite sem justificativa formal. Ele confirmou que irá.

Nos áudios, a sindicalista pergunta ao vice-governador se ele tem conhecimento de pagamento de 30% de propina em contratos da Secretaria de Saúde. Santana responde saber de pagamentos de 10% na Secretaria de Fazenda. “Autorizou a pagar 10% de propina”, disse, sem revelar quem teria concordado com o suposto repasse de valores. “Eu não autorizei, mas o assunto chegou para mim”, completou.

O governador Rodrigo Rollemberg disse considerar “chula e leviana” a conversa. Ele disse que o vice já tinha lhe alertado informalmente sobre a suspeita, e que o governo investigou, mas não encontrou nada.

“O vice-governador me disse informalmente, uma única vez, que uma pessoa estaria pedindo vantagens para ter liberação de pagamentos na Secretaria de Fazenda. Imediatamente eu peguei esse nome, convoquei o secretário de Fazenda, ele pesquisou e me disse: ‘Olha, não tem ninguém com esse nome, isso aqui é absolutamente desconhecido no âmbito da Secretaria de Fazenda”, disse Rollemberg.

Questionado se confia no vice-governador, Rollemberg foi evasivo. “Olha, eu fiquei muito decepcionado com o teor da conversa. É uma conversa chula, é uma conversa leviana, é uma conversa de baixo nível, e desqualifica os interlocutores”, afirmou.

Rollemberg disse que determinou à Polícia Civil e à Controladoria-Geral do DF a abertura de investigação para apurar o suposto esquema de propina. Ele afirmou também que iria pedir investigação do Ministério Público sobre o assunto.

Outras convocações
O subsecretário de Infraestrutura e Logística Marcello Nóbrega também foi convocado a depor, mas a data da audiência não foi marcada. Ele é um dos citados nas gravações divulgadas e, segundo Marli e Santana, faz parte de um “meio podre” na Saúde.

Participante de uma das conversas divulgadas, o ex-secretário de Saúde Fábio Gondim também foi convidado a falar na CPI. A data não foi marcada. O ex-gestor deixou o comando da pasta em 2 de março, após sete meses no cargo.

O vice-governador Renato Santana e o governador Rodrigo Rollemberg durante coletiva no Palácio do Buriti (Foto: Raquel Morais/G1)

O presidente da CPI, deputado Wellington Luiz (PMDB), disse que Rollemberg não deve ser ouvido nesta primeira fase de inquérito. “O [nome do] governador não foi cogitado até o momento.” Ele afirma que a divulgação dos áudios não muda o foco da CPI, que investiga “irregularidades na saúde”.

 

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