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Cientistas de Harvard recomendam bariátrica para adolescentes obesos

De acordo com um novo estudo apresentado apenas uma pequena parte dos adolescentes obesos realizam a cirurgia, embora seja a melhor opção em longo prazo

Pesquisadores de Harvard defendem o uso da cirurgia bariátrica, que reduz o estômago para diminuir o peso de indivíduos obesos, como alternativa à obesidade infantil. De acordo com um estudo apresentado na segunda-feira durante a ENDO 2018, uma conferência anual de endocrinologistas, que aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, apenas uma pequena parcela dos adolescentes e jovens adultos que sofrem com a doença são submetidos à cirurgia, apesar de ela ser considerada o tratamento a longo prazo mais eficaz para a perda de peso.

“A obesidade entre adolescentes e jovens está crescendo rapidamente. No entanto, a cirurgia de redução de peso não é muito utilizada em grupos dessa faixa etária”, disse em nota a médica Karen Campoverde-Reyes, uma das colaboradoras do estudo e pesquisadora da Escola de Medicina de Harvard e do Hospital Geral de Massachussetts.

O estudo

Na pesquisa, os cientistas determinaram a frequência da cirurgia entre jovens de 14 a 25 anos a partir de dados disponíveis em oito sistemas de saúde. Os resultados mostraram que 0,7%, ou mais de 18.000, dos 2,5 milhões de pacientes jovens cujos dados médicos foram analisados, ​​eram severamente obesos. Entretanto, a taxa de cirurgia bariátrica era de menos de 1%.

“Esta descoberta é um alerta de que precisamos usar a modalidade de tratamento mais adequado de acordo com gravidade da doença, que para muitas pessoas com obesidade mais grave é a cirurgia bariátrica. Estudos em adultos e adolescentes mostraram que a cirurgia alcançou uma melhora segura e duradoura no IMC e na resolução de comorbidades que é superior a outras modalidades de tratamento”, disse Fatima.

Obesidade infantil

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), cerca de uma em cada cinco crianças em idade escolar é obesa. Entretanto, nos Estados Unidos, a obesidade infantil é tratada como algo “natural”. “A obesidade (de antes e de agora) é a mesma. A diferença é que vemos isso como uma escolha de estilo de vida em vez de uma doença”, disse a médica Fatima Cody Stanford, principal pesquisadora do estudo.

Como resultado desse comportamento, as taxas de cirurgias bariátricas estabilizaram nos últimos anos, ainda que a obesidade tenha aumentado não apenas nos EUA, mas no mundo inteiro. Essa é uma preocupação particular entre especialistas porque crianças com excesso de peso ou obesidade têm uma probabilidade cinco vezes maior de se tornarem adultos com obesidade ou excesso de peso, em comparação com aquelas com peso normal.

Como a obesidade também é fator de risco para diabetes tipo 2, insuficiência cardíaca e hipertensão, essa questão é um grande problema de saúde pública.

Recomendação cirúrgica

A cirurgia bariátrica é um procedimento bastante invasivo. Em grande parte dos casos, o procedimento consiste em retirar uma parte do estômago ou do intestino do paciente, com o objetivo de diminuir a quantidade de calorias absorvidas e favorecer a perda de peso.

Nos Estados Unidos, o critério de elegibilidade para a cirurgia bariátrica leva em consideração a incapacidade de perder peso com dieta e exercícios, pessoas com um IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 40 ou maior do que 35, além de complicações relacionadas ao peso, como diabetes ou apneia do sono.

Falta conscientização

De acordo com os pesquisadores, uma das possíveis razões para a baixa adesão à cirurgia em pacientes jovens é a falta de educação e conscientização entre os profissionais de saúde e o público em relação ao tratamento cirúrgico da obesidade. Atualmente, o CDC recomenda que famílias, médicos e escolas ajudem as crianças a evitarem ou enfrentarem a obesidade através de dietas saudáveis, bons hábitos de sono e exercícios regulares. Mas, para os pesquisadores, ainda é necessário educar médicos, residentes, assistentes sociais e enfermeiras escolares para a possibilidade de que a cirurgia seja o melhor caminho.

Outro fator que também atrapalha a busca pela cirurgia bariátrica são os riscos relacionados aos procedimentos gastrointestinais, como embolia pulmonar, sangramento interno, fístulas, vômitos, diarreia e fezes com sangue. Esses efeitos colaterais desencadeiam o medo da cirurgia. Fatima afirma que esse tipo de pensamento é tendencioso e com base em uma impressão incompleta de pessoas que passaram por esses procedimentos.

Indicações de cirurgia bariátrica no Brasil

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda o procedimento para maiores de 18 anos. Jovens com idade entre 16 e 18 podem fazer a cirurgia, caso o risco-benefício seja bem analisado. O jovem também deve ser acompanhado por um pediatra na equipe multiprofissional e é necessária a consolidação das cartilagens das epífises de crescimento dos punhos.

Para menores de 16 anos, a bariátrica só será permitida em caráter experimental e dentro dos protocolos do sistema Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CEP/Conep). Além disso, o paciente deve ter um IMC de, no mínimo, 35 para ser elegível ao procedimento.

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