Com o ritmo atual, a China levaria cerca de 5,5 anos para cobrir 75% da população com uma vacina de duas doses contra o coronavírus
A China teve que adiar a meta de vacinar 50 milhões de pessoas contra a covid-19 em quase dois meses por restrições de oferta e hesitação da população em relação às vacinas, segundo pessoas a par do assunto.
O novo plano, que foi comunicado recentemente às autoridades de saúde, alterou o cronograma para atingir 50 milhões de doses aplicadas até o final de março, disseram as pessoas, que pediram anonimato. A Bloomberg e outros meios de comunicação haviam informado em dezembro que a China pretendia atingir essa meta até o feriado do Ano Novo Lunar, que começa nesta quinta-feira, 11.
Pessoas em grupos-chave, como profissionais de saúde da linha de frente, continuarão a ser foco da campanha de imunização, que registrava pouco mais de 31 milhões de doses administradas até 3 de fevereiro. A vacinação será ampliada para a população em geral em abril, segundo as fontes. Um representante da Comissão Nacional de Saúde da China disse que o país não deve atingir a meta de 50 milhões de pessoas vacinadas antes do feriado do Ano Novo, mas que “o processo de vacinação está ocorrendo conforme planejado“.
Uma razão para o ritmo aparentemente mais lento é a preocupação de que os chineses desconfiem das vacinas contra a covid-19, incluindo as desenvolvidas localmente, devido à cobertura negativa da mídia estatal sobre os efeitos colaterais e eventos adversos associados aos imunizantes do Ocidente, disse uma das pessoas.
Autoridades do governo também estão preocupadas com o fato de não haver oferta suficiente de vacinas desenvolvidas por empresas nacionais, disse a fonte. Restrições de capacidade também são um problema com vacinas desenvolvidas por empresas americanas, europeias e russas.
Embora a China tenha praticamente eliminado o coronavírus dentro de suas próprias fronteiras por meio de testes de milhões de pessoas e imposição de rígidos lockdowns e quarentenas, a campanha de vacinação do país está atrasada. Para cada 100 pessoas, a China distribuiu pouco mais de duas doses, em comparação com quase quatro na União Europeia, 13 nos Estados Unidos e mais de 60 em Israel, segundo o rastreador de vacinas da Bloomberg.
Em entrevistas com um grupo representativo de chineses, a Bloomberg identificou que há hesitação generalizada em receber vacinas contra a covid-19, por motivos que vão desde a preocupação com a segurança e o nível de proteção prometido pelos imunizantes locais até a falta de urgência, com surtos do inverno limitados a partes do norte do país.
Isso poderia representar um problema para países e empresas que dependem da China — com seus mais de 1 milhão de estudantes estrangeiros e maior mercado consumidor do mundo — para reabrir e para as próprias perspectivas de crescimento do país, apesar da resiliência econômica mostrada até agora.