28.5 C
Brasília
HomeDistrito Federal12 crianças esperam por cirurgias cardiopediátricas no DF

12 crianças esperam por cirurgias cardiopediátricas no DF

Atualmente, apenas uma equipe atende esse tipo de paciente no Distrito Federal

Arquivo Pessoal
Nicholas veio para Brasília em setembro, com o pai e a mãe, para aguardar o coração: cardiopatia grave

As cirurgias cardiopediátricas deixam famílias inteiras apreensivas com o tratamento de recém-nascidos e crianças. Na capital federal, são pelo menos 12 na fila de espera. Uma única equipe atende esse tipo de paciente na rede pública — a mesma que tratou Nicholas. Para driblar os gargalos, a Secretaria de Saúde estuda pelo menos quatro possibilidades de ampliação do serviço ainda para o primeiro semestre de 2017. Atualmente, são cerca de 18 transplantes cardíacos por mês.

A alternativa com mais chances de sair do papel, segundo fontes do Executivo local, é a ampliação do convênio com o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) em quatro leitos — atualmente, o valor gasto com oito leitos de UTI cardiopediátrica é de R$ 78 milhões por ano. Essa, na avaliação do governo, é a medida mais eficaz e menos trabalhosa para ampliar o serviço. A especialização da unidade médica também influencia na decisão. Esse tipo de procedimento é feito somente em quatro cidades: São Paulo, Curitiba, Fortaleza e Brasília, no Instituto de Cardiologia.

Outra medida é uma parceria com o Hospital Universitário (HUB), mas o plano está sob análise, após primeiro contato com a unidade médica. Há, também, a intenção de se manter 38 leitos no Hospital da Criança. Entretanto, eles teriam de ser divididos com outras patologias. Na rede própria, o governo quer reativar o serviço no Hospital de Base (HBDF) — lá, chegaram a ser realizadas 10 cirurgias por mês —, mas seria necessário realizar concurso para enfermeiros, o que complica a retomada.

Angústia

Hoje, Stefany Sophia faria 4 meses. A menina não resistiu a complicações de uma doença cardíaca grave e morreu no último dia 20. Na casa da família, na QNR 4, em Ceilândia, a avó organizava o enxoval para doação. O berço nem sequer foi usado pela menina. Durante todo o tempo de vida, ela permaneceu internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). “Ela ficou muito tempo na fila de espera. Chegamos a recorrer à Justiça”, conta a avó da garota, a pastora evangélica Maria de Fátima Alves, 47 anos.

No período em que permaneceu hospitalizada, Stefany passou por exames no ICDF e entrou na fila de espera para a correção cirúrgica. “Lutamos muito pela vida dela. Minha neta ficou em coma induzido, teve paradas cardíacas, pegou infecção e perdeu peso. Mas, ainda assim, havia esperança. Os médicos sabiam da urgência. Contudo, a cirurgia demorou demais”, ressalta Fátima. (OA)

Memória

Há sete anos, a primeira cirurgia

Era dezembro de 2009, quando uma menina passou pelo primeiro transplante infantil de coração da capital federal. A cirurgia durou cinco horas e, na época, a criança estava com 1 ano e 7 meses. Ela foi internada no Hospital Regional de Sobradinho com uma virose, mas as complicações da doença fizeram com que desenvolvesse uma miocardiopatia dilatada, ou seja, o coração dilatou e perdeu a capacidade de se contrair. O coração veio cinco meses depois. Ela recebeu o órgão de uma garota de 3 anos, com tamanho e tipo sanguíneo compatíveis com os dela. A cirurgia foi considerada um sucesso pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF).

Veja Também