Sônia Pinheiro de Jesus viveu 20 anos na capital paulista. 18 pessoas morreram em acidente com ônibus na Mogi-Bertioga.
O corpo da vendedora Sônia Pinheiro de Jesus, de 37 anos, foi enterrado no Cemitério Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (10). A mulher é uma das 18 vítimas que morreram no acidente com o ônibus de estudantes na Rodovia Mogi-Bertioga (SP-98), na noite de quarta (8). Outras 16 pessoas ficaram feridas.
O corpo chegou à 1h40 ao cemitério. A mulher nasceu na Bahia e se mudou para São Paulo há 20 anos. Cinco anos atrás ela foi morar em São Sebastião, onde trabalhava. Ela estudava Serviço Social em Mogi.
“Era uma menina que só fazia bem e amizade com todo mundo”, lamentou o irmão, Antonio Pinheiro. Ela morou em Itaquera até 2011 quando se mudou para Boraçeia.
Outros corpos eram velados em São Sebastião. O corpo da estudante Ana Carolina da Cruz Veloso, de 23 anos, foi levado para a quadra do bairro Juquehy.
Além da quadra do Juquehy, a Prefeitura de São Sebastião reservou espaços para velórios coletivos na Barra do Una, onde estão sendo velados os corpos de Maria Wdirlania Macedo de Souza, de 22 anos, e Daniela Aparecida Mota Dias, 24, e em Boiçucanga. A informação da prefeitura de São Sebastião, por volta das 23h, é que pelo menos outros oito universitários serão velados nos espaços organizados pela prefeitura.
Outras famílias devem optar por fazer os velórios em outros locais. Os corpos foram identificados no IML de Guarujá, na Baixada Santista.
Liberação
Os corpos das vítimas começaram a ser liberados no fim da tarde desta quinta-feira após o perícia e identificação no Instituto Médico Legal. Para agilizar o trabalho de liberação dos corpos, o Estado de São Paulo organizou uma força-tarefa.
A quadra de Juquehy fica no Altino Espírito Santo, esquina com a Rua Maria Madalena. O ginásio de Boiçucanga fica à rua Tropicanga, 99, na estrada do Cascalho e a quadra da Barra do Una à rua Cravinhos, sem número.
Acidente
Dezoito pessoas morreram após o acidente envolvendo um ônibus fretado que capotou, na noite desta quarta-feira (8), na Rodovia Mogi-Bertioga, no limite entre as cidades paulistas de Mogi das Cruzes e Bertioga.
O ônibus levava universitários de Mogi das Cruzes para São Sebastião tombou na pista sentido litoral. No km 84 da rodovia, na descida da serra, o motorista perdeu o controle logo depois de fazer uma curva, atravessou a pista, bateu nas pedras, capotou e caiu em um barranco.
Segundo o Corpo de Bombeiros, 15 pessoas, incluindo o motorista, morreram no local do acidente. Outras três morreram em hospitais.
Como foi o acidente
O acidente ocorreu por volta das 23h desta quarta. Segundo o delegado Fábio Pierri, o ônibus estava acima da velocidade permitida, de 60 km/h, mas a polícia ainda apura outros fatores que podem ter contribuído para o acidente.
“Inicialmente, posso falar que houve excesso de velocidade. Ele [motorista] estava a mais de 80 km/h”, disse Pierry. A viação União do Litoral, responsável pelo ônibus, nega que o veículo estivesse em alta velocidade.
“Não descartamos que o motorista possa ter dormido. Temos que montar o quebra-cabeça de tudo. A perita afirmou que o ônibus tombou na pista, foi arrastando, arrancando árvores e caiu na valeta”, afirmou o delegado.
A Polícia Civil informou que não chovia e não havia neblina no momento do acidente, mas a pista poderia estar escorregadia. A empresa do ônibus contesta e diz que havia neblina no momento do acidente.
Uma hora antes do acidente, o motorista que dirigia o ônibus, Antônio Carlos da Silva, de 37 anos, avisou a mulher, por meio de uma mensagem de celular, que chegaria mais tarde em casa por conta da neblina na rodovia.
Um dos sobreviventes disse que o ônibus estava descontrolado. “Na terceira vez que ele repetiu o movimento [de tentar fazer a curva] de forma brusca e invadindo a pista, percebemos que havia algo errado. Começaram a pedir para que colocássemos o cinto. Eu coloquei e aí começou a gritaria, as pessoas se desesperaram e percebi que o meio-fio estava cada vez mais próximo, foi quando capotamos”, disse Wanderson da Silva, de 24 anos (veja o vídeo abaixo).
Segundo a Artesp (agência de regulação), a Viação União do Litoral Transporte e Turismo Ltda está cadastrada para fazer serviço de fretamento.
A vistoria ao ônibus envolvido no acidente ocorreu em 2015 e é válida até 26 de agosto de 2016. A credencial da empresa, que deve ser renovada a cada cinco anos, termina em 31 de outubro de 2016.
Via ficou interditada
A rodovia chegou a ficar totalmente interditada durante a madrugada para o resgate às vítimas.
Elas foram levadas para o Hospital Municipal de Bertioga, para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá, e para o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, que fica em Mogi das Cruzes.
Um guincho removeu o ônibus do local no início da manhã, e a pista acabou sendo totalmente liberada por volta das 6h55.
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviçode Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do litoral de São Paulo, e também de municípios próximos da região, foram deslocadas para prestar atendimento às vítimas.
Outra colisão
Horas após o acidente com o ônibus, um caminhão colidiu com um guincho do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e também com um caminhão do Corpo de Bombeiros. Ninguém ficou ferido.