Nesta terça-feira, o ex-governador mineiro terá os recursos finais do mensalão tucano julgados pelo Tribunal de Justiça (TJ) de Minas Gerais
O PSDB enfrenta os piores dias de sua história. Depois da acachapante derrota do senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Supremo Tribunal Federal, ao tornar-se réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça na semana passada, chegou a vez de outro destacado político da legenda passar pelo calvário.
O ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) terá os recursos finais do mensalão tucano julgados pelo Tribunal de Justiça (TJ) de Minas Gerais nesta terça-feira.
É um episódio clássico da lentidão do judiciário em julgar políticos no Brasil. Azeredo foi condenado por peculato e lavagem de dinheiro por desviar verbas de estatais do governo para sua campanha à reeleição em 1998 — há 20 anos.
A denúncia contra o ex-governador foi apresentada em 2007 e a sentença em primeira instância saiu apenas em 2015. Em agosto do ano passado, o TJ de Minas fixou a condenação em 20 anos e um mês de prisão.
Azeredo ganhou tempo pois teve direito aos embargos infringentes, quando há discordância no tribunal colegiado à respeito da condenação.
Finalmente, se os embargos finais forem rejeitados nesta terça, o tucano pode iniciar o cumprimento de pena ainda nesta semana.
Não é demais lembrar, porém, que a detenção só pode acontecer por conta do entendimento do Supremo Tribunal Federal que permite a prisão em segunda instância. Não fosse assim, ainda caberia apelação aos tribunais superiores de Brasília e Azeredo seguiria livre, com alto risco de prescrição.
O caso destoa da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso há duas semanas, apenas nove meses depois da condenação em primeiro grau. Ainda assim, a provável prisão do tucano ajuda a afastar o que se chamava no PT de perseguição contra um único partido.
Para o país, o cerco à corrupção terá cumprido seu papel, mesmo, quando o Supremo Tribunal Federal enfim começar a condenar políticos por crimes na Lava-Jato. Até agora, em quatro anos, ninguém foi preso. O relógio segue avançando.