Após quedas no começo da pandemia, as vendas no varejo tiveram nova alta, segundo os dados do IBGE. O desafio é ir além do auxílio emergencial
As vendas no varejo subiram 5,2% em julho na comparação com o mês anterior, ficando novamente acima das expectativas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo período de 2019, a alta foi de 5,5%.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 1,20% no varejo na comparação com o mês anterior e de 2,2% na comparação anual.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, a alta foi de 7,2% em julho em relação a julho. Na comparação anual, o varejo ampliado subiu 1,6% e conseguiu interromper uma sequência de quatro meses em queda.
Os resultados, assim como nos últimos dois meses divulgados, vieram positivos e acima das projeções dos analistas, o que indica que o pior pode ter ficado para trás em meio à crise do novo coronavírus, que teve no segundo trimestre seu pior momento no mundo.
Maio e junho foram meses de recuperação após quedas bruscas em março e abril. Em junho, as vendas subiram 8,5%; em maio, tiveram alta recorde de 13,3% na comparação com o mês anterior (segundo os números já revisados posteriormente pelo IBGE).
Apesar das altas, no ano, o varejo ainda está no negativo e acumula baixa de 1,8% no volume de vendas em 2020. Em 12 meses, o acumulado é de alta quase nula, de 0,2%.
O desafio é fazer as vendas continuarem subindo. Podem afetar o varejo a partir deste mês de setembro fatores como a redução do auxílio emergencial de 600 para 300 reais e uma recuperação pouco forte da criação de empregos (que, vale lembrar, já era um desafio do Brasil antes da pandemia).
Começo da recuperação
Sete entre as oito atividades que aparecem na Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE tiveram alta, com alguma recuperação após as baixas no começo da pandemia.
O único setor que não cresceu foi justamente o de supermercados e produtos alimentícios (que inclui ainda bebidas e fumo). O setor vinha crescendo mais do que os anteriores por ter sido menos impacto pelo distanciamento social e ficou em 0% de variação em julho na comparação com junho.
Ainda assim, os supermercados estão entre os poucos com crescimento em 2020. No ano, os únicos com acumulado positivo são justamente alimentos/supermercados, artigos farmacêuticos/perfumaria, móveis/eletrodomésticos e material de construção.
Os mais impactados negativamente são vestuário (38% de queda no ano), livros/jornais/papelaria (28%) e veículos/peças (22%).