Presidente dos EUA costuma pressionar publicamente o banco central americano por cortes de juros, mas não tem a mesma postura quando o assunto são os outros
O Banco Central Europeu considera recorrer a um corte da taxa de juros como primeira medida de estímulo caso precise agir novamente para elevar a inflação, segundo três autoridades do BCE.
Reduzir o custo dos empréstimos para um nível ainda mais negativo seria o primeiro passo mais provável em vez de retomar as compras de ativos, disseram as autoridades, alarmadas com a queda das expectativas de inflação do mercado para um recorde de baixa, o que pressiona o BCE a entrar em ação.
As pessoas não quiseram ser identificadas devido à confidencialidade das discussões. Um porta-voz do BCE não quis dar entrevista.
Na terça-feira, o presidente do BCE, Mario Draghi, pareceu indicar que não precisaria de um motivo drástico para agir, quando disse que serão necessários estímulos adicionais “na ausência de qualquer melhora” das perspectivas de crescimento e inflação. Ele citou especificamente as reduções das taxas como opção.
Depois da informação divulgada pela Bloomberg, investidores anteciparam um corte das taxas para setembro. O Commerzbank agora projeta uma redução em julho.
“Draghi vai terminar seu mandato com um corte”, disse Claus Vistesen, economista-chefe para a zona do euro da Pantheon Macroeconomics. “A porta agora está aberta e não vejo como não passariam por ela.”
Uma redução dos juros pelo BCE poderia aumentar as tensões comerciais com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O presidente americano tuitou na terça-feira que tal medida do BCE, que enfraqueceria o euro, é injusta.
Mario Draghi just announced more stimulus could come, which immediately dropped the Euro against the Dollar, making it unfairly easier for them to compete against the USA. They have been getting away with this for years, along with China and others.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 18 de junho de 2019
This is because the Euro and other currencies are devalued against the dollar, putting the U.S. at a big disadvantage. The Fed Interest rate way too high, added to ridiculous quantitative tightening! They don’t have a clue! https://t.co/0CpnUzJqB9
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de junho de 2019
Draghi, que falou no fórum anual do BCE em Sintra, Portugal, também disse que a instituição poderia retomar a flexibilização quantitativa, mesmo que precise aumentar seus próprios limites para adotar tal medida.
Embora essas regras tenham sido colocadas em prática para evitar pressionar os mercados e cruzar a linha entre as políticas monetária e fiscal, Draghi disse que são “específicas para as contingências que enfrentamos”.
O BCE enfrenta uma desaceleração econômica e inflação que permanece abaixo da meta. Draghi disse que os riscos de fatores geopolíticos, protecionismo e vulnerabilidades nos mercados emergentes não se dissiparam e estão pesando especialmente sobre o setor de manufatura.
Draghi também fez referência à possível necessidade de “medidas de mitigação” para suavizar o efeito da taxa do BCE, atualmente negativa em 0,4%.