Tratamento com plasma de curados da Covid-19 começa nesta segunda na rede pública do DF

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Técnico separa amostras de sangue no Hemocentro de Brasília, no Distrito Federal — Foto: Gabriel Jabur/GDF/Divulgação

Testes serão feitos em pacientes do Hospital Regional da Asa Norte. Terapia foi desenvolvida por pesquisadores da UnB.

Técnico separa amostras de sangue no Hemocentro de Brasília, no Distrito Federal — Foto: Gabriel Jabur/GDF/Divulgação

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) começou a testar, nesta segunda-feira (15), um tratamento que utiliza o plasma sanguíneo de pessoas curadas do novo coronavírus para ajudar na recuperação de pacientes ainda infectados.

A nova terapia, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), vai aplicar anticorpos de curados em pessoas internadas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O procedimento será realizado pelas equipes do banco de sangue da unidade.

De acordo com Paulo Feitosa, chefe da Unidade de Pneumologia do Hran e colaborador da pesquisa, a aplicação do plasma com anticorpos é semelhante a uma transfusão de sangue.“É um procedimento simples, de baixo risco, e com vários estudos embasados neste campo.

Mesmo assim, cada paciente que se propuser a receber a transfusão de plasma assinará um termo de consentimento que será entregue na hora do procedimento”, destaca Paulo.

A meta inicial da Secretaria de Saúde é conseguir realizar a aplicação do plasma em pelo menos 200 pacientes, exceto nos que estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Responsável pelo estudo científico, o médico e professor da Faculdade de Medicina da UnB André Moraes Nicola explica que o tratamento pode desafogar o sistema de saúde do DF.

“A hipótese do nosso estudo é que, dando certo, haverá diminuição do número de casos que se agravam, diminuindo uma evolução para estado grave e reduzindo a necessidade de internação na UTI.”

Como funciona o tratamento?

O estudo usa, por meio do plasma sanguíneo, os anticorpos de pacientes que já tiveram o coronavírus. Assim, esse material retirado dos pacientes recuperados será aplicado nos internados com risco de agravamento. Esse tipo de técnica de transferir anticorpos de pessoas curadas para doentes é chamada de transferência passiva de imunidade.

A Secretaria de Saúde destaca que o paciente internado por Covid-19 só receberá o tratamento com plasma se houver consentimento dele ou da família. Esse tipo de terapia já foi usado em outras epidemias, como as do H1N1, em 2009, e da síndrome aguda respiratória, a SARS, em 2003.

No entanto, os cientistas ainda estudam a eficiência dela contra a Covid-19. Na China, a técnica deu resultado em um pequeno grupo de pacientes. Os Estados Unidos estão testando o uso, assim como o Brasil.

Na UnB, a pesquisa é feita em parceria com o Laboratório Central da Secretaria de Saúde (Lacen) e de hospitais da rede pública do DF.

Quem pode participar da pesquisa?
Para poder participar da pesquisa, como doador de plasma, a pessoa curada precisa atender as seguintes condições:

Ter entre 18 e 60 anos de idade;
Pesar no mínimo 60kg;
Se mulher, não ter histórico de gestações;
Ter diagnóstico laboratorial confirmado de infecção por SARS-Cov-2;
Estar sem sintomas de Covid-19 há pelo menos 15 dias;
Não ter tido manifestações graves em função da Covid-19 (choque séptico, parada cardíaca e/ou entubação traqueal/respiratória).
O cadastro deve ser feito no site do Hemocentro. Após o cadastro, a equipe de pesquisa vai agendar uma entrevista para esclarecer dúvidas, formalizar o consentimento do voluntário, realizar triagem clínica e colher amostras de sangue para exames.