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Transmissão comunitária: variante Delta já se espalha sem controle no Brasil

Caso de infecção pela cepa indiana registrado em São Paulo, no início desta semana, acende a luz de alerta. Governo confirma que mutação do novo coronavírus circula em transmissão comunitária, pois afetou pessoas que não estiveram no exterior

(crédito: Wikimedia Commons/Reprodução)

Com a confirmação de um caso da variante Delta na cidade de São Paulo, no início desta semana, o governo paulista confirmou, ontem, que a cepa primeiramente detectada na Índia possui transmissão comunitária na capital. Isso porque foi verificada a circulação da mutação entre pessoas que não viajaram para o exterior e, portanto, não é possível rastrear a origem dos casos. Com isso, o estado de São Paulo estuda encurtar o prazo entre a primeira e a segunda dose de algumas vacinas para tentar completar o esquema de imunização do maior número de pessoas possível.

“Temos uma variante que já é autóctone, ou seja, ela já está circulando no nosso meio em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que não tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia. Dessa forma, temos que ter uma atenção especial”, alertou o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn.

Para enfrentar a Delta, considerada “preocupante” e “perigosa” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo estadual estuda diminuir o prazo entre a primeira e a segunda dose de vacinas da AstraZeneca e da Pfizer, que precisam de três meses entre uma aplicação e outra. Segundo Gorinchteyn, a diminuição do prazo será debatida, hoje, em reunião sobre o Plano Estadual de Imunização.

Alinhamento

No entanto, o secretário explicou que, para a mudança ocorrer, é importante garantir mais doses dos imunizantes. Além disso, qualquer decisão estadual precisará estar alinhada com o Ministério da Saúde. “Se não tivermos esse alento dado pela chancela e liberação do próprio ministério, que coordena o Programa Nacional de Imunização (PNI), por mais que essa decisão aconteça, ela operacionalmente terá entraves”, disse.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, acredita que a redução do prazo deve ser avaliada como uma resposta à transmissão da Delta. Conforme disse, apesar de ter sido levantada uma possibilidade de as vacinas não responderem à variante de uma maneira geral, “o fato de ter a imunidade completa ajuda substancialmente”.

Em relação à CoronaVac, não há a preocupação de encurtar o intervalo entre doses, já que o período é mais curto, sendo de 28 dias. “Você completa a imunização mais rapidamente quando comparado com as vacinas que têm intervalo de três meses”, explicou o diretor do Butantan. Covas ainda afirmou que em testes de laboratório, a CoronaVac demonstrou “uma resposta adequada” contra a Delta.

E mais uma vacina pode se juntar à guerra contra a pandemia: a Butanvac. Ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início da vacinação de voluntários do estudo clínico do imunizante. A autarquia havia autorizado os testes em humanos em 9 de junho, mas ainda havia informações pendentes para que a aplicação da vacina pudesse ser feita nos voluntários.

Queiroga quer volta do presencial

Um dia depois de informar que o governo federal trabalha em uma portaria interministerial para disciplinar a volta às aulas em meio a pandemia da covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a falar do assunto na abertura do seminário “Reabertura Segura das Escolas”, organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, o Brasil já tem um cenário seguro para reabrir as escolas públicas e retomar o ensino presencial. A opinião foi reforçada pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, que afirma estar “na hora” do retorno.

O Brasil vem avançando com a campanha de vacinação. Os professores foram incluídos entre os grupos prioritários e temos um número crescente de professores ao menos com a primeira dose das vacinas. Um cenário seguro para reabertura das aulas”, disse Queiroga, que voltou a citar a preparação da portaria para nortear o retorno às escolas.

O ministro acredita que a medida é necessária “para que tenhamos uma política homogênea em nosso país”. Para Queiroga, atualmente “todos” estão de acordo sobre a necessidade do retorno às aulas. “Não podemos ficar mais de um ano e meio sem aulas, com as consequências que já foram apontadas. Cabe a nós, gestores públicos, buscarmos as soluções para que esse problema seja resolvido e não haja um prejuízo maior ainda para as nossas crianças”, completou.

Assim como Queiroga, Milton Ribeiro defendeu a volta às aulas presenciais nas escolas públicas na audiência pública da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados. Segundo ele, além de um protocolo sanitário, foram destinados recursos para a compra de insumos para as unidades de ensino. “Precisamos reabrir escolas. Eu creio que está na hora da gente retornar. Estive recentemente em um encontro de ministros da educação do G20 e, para nossa vergonha, nós somos os últimos (a retomar as aulas)”, disse. (MEC)

Ministro exorta população a tomar 2ª dose

 (crédito: André Borges/AFP)
crédito: André Borges/AFP

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destacou a importância da segunda dose da vacina contra a covid-19. Segundo ele, há um número superior a 3,5 milhões de pessoas que não voltaram para tomar a segunda dose da vacina, o que pode complicar o objetivo de imunizar toda a população. Queiroga voltou a afirmar que a vacina “é a maior arma para conter o coronavírus”. Ele destacou que todas as vacinas, independentemente do tipo, são importantes e que todas que estão disponíveis, menos a de dose única (da Janssen), precisam do reforço para serem eficazes contra a pandemia.

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