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TJ-SP quer oferecer cursos contra machismo em alternativa a multa ou prestação de serviços comunitários

A tentativa é fazer com que, assim como nos casos de violência doméstica, os índices de retorno a violência sejam reduzidos
A tentativa é fazer com que, assim como nos casos de violência doméstica, os índices de retorno a violência sejam reduzidos

O Tribunal de Justiça de São Paulo quer mudar a cabeça de assediadores e abusadores dos transportes coletivos oferecendo um curso contra o machismo, como alternativa ao pagamento de multas ou prestação de serviços comunitários.

Elizandra, vítima de violência doméstica: “ele entrou no banheiro e saiu me puxando pelos cabelos. Ele me jogou na cama, subiu em mim e começou a me bater. Não satisfeito, ele começou a me enforcar.”

Júlia, vítima de assédio: “ele trancou a porta e fiquei nervosa, ele mexia no celular e eu achava que ele ia mudar as rotas”.

Clara, vítima de estupro: “violência sexual é o único crime que quem tem que provar é a vítima. Eu não tenho sêmen em mim”.

Por trás de todas essas violências estão homens com perfis semelhantes.

Personalidades que o sociólogo Sérgio Barbosa conhece bem. Há mais de 20 anos ele lida com autores de violência contra mulheres que apresentam traços comuns.

“Uma grande sensação e sentimento de frustração, falta de controle social sobre a mulher, que se tornou em objeto. A segunda coisa é o medo de discutir uma relação, porque nós homens fomos criados com baixo repertório para resolver conflitos”, disse.

Sérgio está à frente de oficinas organizadas pelo ministério público paulista, com o intuito de oferecer algo além da punição para estes homens.

Enquanto a reincidência criminal no Brasil fica em patamares acima de 70%, nos casos em que os autores frequentaram o curso, esta repetição do crime caiu para 6%.

Com a campanha lançada na última semana para combater o assédio nos transportes públicos, a ideia é que nas ocorrências em que as penas são pequenas – como multas ou prestação de serviços comunitários – possa ser oferecido ao agressor um curso semelhante como alternativa.

Mas, qual é o segredo para mudar um comportamento assim? “O processo não é alguém de fora falar que eu sou machista, mas vir de dentro e perceber que na minha história, eu, como homem, fui construído com essas ferramentas e que se eu não me descontruir delas, eu estarei agredindo uma mulher”, disse Sérgio Barbosa.

Os cursos começarão a ser oferecidos no mês de outubro, no fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo e têm duração de oito horas.

A tentativa é fazer com que, assim como nos casos de violência doméstica, os índices de retorno a violência sejam reduzidos.

*Informações da repórter Helen Braun

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