A Unidade de Inteligência Financeira, antigo Coaf, diz que falha é grave e descarta ação de hackers
A Unidade de Inteligência Financeira (UIF, antigo Coaf), responsável por combater operações de lavagem de dinheiro e corrupção, está em alerta. O principal sistema do órgão está inoperante desde a manhã de quarta-feira. Na prática, isso significa que as transações consideradas suspeitas não estão sendo reportadas pelo mercado por uma falha que é considerada grave. A situação está comprometendo o trabalho dos técnicos na análise de milhares de dados com indícios de irregularidades enviados diariamente por diversos setores econômicos.
Nos últimos anos, a UIF se tornou uma arma poderosa de combate à lavagem de dinheiro e corrupção à medida que passou a concentrar em suas mãos um volume imenso de informações. Em seu sistema, há registros de mais de 17 milhões de transações realizadas por brasileiros tanto no país como no exterior. Somente no ano passado, 370 000 pessoas e empresas entraram no radar do órgão, um volume recorde que representa uma média de mais de 1 000 suspeitos analisados por dia.
A instabilidade no sistema Siscoaf vem sendo observada há alguns meses. Mas o problema se agravou de vez ontem de manhã, quando o fluxo de recebimento de informações foi interrompido. Entidades do setor financeiro não conseguiam, por exemplo, enviar dados de transações consideradas suspeitas. Com isso, técnicos do órgão ficaram impossibilitados de fazer um pente-fino em transações com indícios de lavagem de dinheiro e corrupção.
Para reparar a falha, a UIF pediu para que o Serpro, empresa de tecnologia do governo, providencie a imediata normalização do sistema. Além disso, o órgão de inteligência também solicitou um plano de contingência para evitar outras interrupções, que podem afetar ainda mais a análise diária de transações financeiras atípicas. Até o momento, não há uma previsão para resolver esse problema. Os técnicos descartaram a hipótese de invasão.