Há revendedoras sem o produto há 10 dias. Segundo a Petrobras, a situação deve ser normalizada nos próximos dias
Há pelo menos 15 dias, consumidores do Distrito Federal estão sofrendo com a falta de gás de cozinha. De acordo com revendedores ouvidos pelo Correio, os consumidores têm feito fila na porta de distribuidoras à espera das poucas unidades que chegam. Assim, os revendedores nem chegam a sair para entregar o produto nas casas.
“Parece que a Petrobras diminuiu a quantidade de funcionários e a demanda aumentou, porque as pessoas estão ficando mais em casa e muita gente começou a comprar o botijão de reserva. O gás que chega é pouco. As pessoas já vêm para a porta da empresa esperar o caminhão chegar. Só dá para abastecer o pessoal que está na portaria, estamos nem conseguindo sair para fazer a entrega”, conta um revendedor que atua em Taguatinga e preferiu não se identificar. Ele fez um vídeo mostrando a situação em Taguatinga, nesta segunda-feira (6/4):
Em uma pesquisa rápida por algumas distribuidoras, a situação se repete: não há gás nem previsão de chegada. No fim de março, o fornecimento chegou a ser interrompido para não correr o risco de desabastecimento.
O presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás (Sindvargas), Sérgio Costa, afirmou por meio de nota que muitas revendedoras passam oito a 10 dias sem receber o produto.
“Fazemos parte do grupo de serviços essenciais e muitas vezes nem somos reconhecidos pela nossa excelência em atender o consumidor de domingo a domingo. Mesmo com toda a população em isolamento, estamos exercendo nossa cidadania e responsabilidade com a sociedade, nos arriscando todos os dias frente à epidemia da Covid-19. E nessa crise o revendedor sofre acusações absurdas, sobre estarmos escondendo o produto e até mesmo sendo taxados de ladrões. Um absurdo!”, diz.
De acordo com ele, a situação está sendo monitorada de perto, mas o problema seria a queda na produção de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). “Não há nenhuma previsão de retorno de produção normal. Tudo depende da volta do consumo e principalmente que nível a pandemia da Covid-19 atingirá”, completa.
Petrobras nega desabastecimento
Por meio de nota, a Petrobras informou que não há risco de desabastecimento de gás de cozinha. Segundo a empresa, o que aconteceu foi o aumento de demanda durante a pandemia de coronavírus.
“No mês de março, as vendas de GLP totalizaram 615 mil toneladas, 8 mil toneladas acima da quantidade inicialmente acordada com as distribuidoras. A procura por GLP aumentou, ao contrário dos demais combustíveis, como gasolina, diesel e querosene de aviação, que tiveram grande queda nas vendas. Com a demanda acima das expectativas, o pedido de GLP pelas distribuidoras, para o mês de abril, aumentou para 618 mil toneladas. Devido a essa contração da demanda dos demais combustíveis, o processamento das refinarias foi reduzido. No caso do GLP, a redução da produção será compensada por importação do produto, e as entregas estão garantidas”, diz o texto encaminhado pela Petrobras (leia íntegra abaixo).
A empresa ainda informou que um primeiro navio com 20 milhões do produto chegou ao porto de Santos na segunda-feira passada (30/3). E mais dois devem chegar nesta segunda (6/4) e sexta-feira (10/4).
Preços
revendedores podem estar praticando preços abusivos, o que é repudiado pelo sindicato. Segundo ele, porém, não há nenhuma tabelação de preços.
De acordo com pesquisa Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do produto é de R$ 70,64. Além disso, a Petrobras disse que os preços do produto tiveram uma redução de 21%. Das refinarias, ele sai ao preço de R$ 21,85.
Íntegra da nota da Petrobras
A Petrobras continua reforçando o abastecimento de GLP (gás de cozinha) para atender ao aumento da demanda, no período de maior consumo devido à pandemia de Covid-19. As entregas do gás estão garantidas e não há risco de falta do produto no mercado nem há qualquer necessidade de estocar botijões de GLP.
No mês de março, as vendas de GLP totalizaram 615 mil toneladas, 8 mil toneladas acima da quantidade inicialmente acordada com as distribuidoras. A procura por GLP aumentou, ao contrário dos demais combustíveis como gasolina, diesel e querosene de aviação que tiveram grande queda nas vendas. Com a demanda acima das expectativas, o pedido de GLP pelas distribuidoras, para o mês de abril, aumentou para 618 mil toneladas.
Devido a essa contração da demanda dos demais combustíveis, o processamento das refinarias foi reduzido. No caso do GLP, a redução da produção será compensada por importação do produto e as entregas estão garantidas.
O primeiro navio, com capacidade adicional de 20 milhões de quilos de GLP (equivalente a 1,6 milhão de botijões P13), chegou ao porto Santos no dia 30/03 e os próximos têm previsão de chegada nos dias 06/04 e 10/04, em Santos e Mauá. Além disso, a partir do dia 7 de abril, um novo duto também ampliará a oferta de GLP para a região de São Paulo.
Redução nos preços
O preço médio do GLP nas refinarias da Petrobras é equivalente a R$21,85 por botijão de 13kg. No acumulado do ano, a redução é de cerca de -21%.
A Petrobras conta com as distribuidoras e revendedores para que as reduções do preço do botijão de gás cheguem até o consumidor final.
Íntegra da nota do Sindvargas
O Consumidor do Distrito Federal sofre com o desabastecimento de gás de cozinha e empresários do setor de revendas sofrem pressão frente a população.
As revendas de gás de cozinha do Distrito Federal, desde o início da pandemia não medem esforços em dar continuidade ao abastecimento a população do DF, porém as distribuidoras não estão abastecendo normalmente e muitas vezes deixando revendas sem gás durante 8 a 10 dias, caminhões de revendedores ficam na fila em frente às distribuidoras engarrafadoras até 5 dias esperando o produto para carregar sem nenhum tipo de estrutura física para os motoristas e ajudantes. Fazemos parte do grupo de serviços essências e muitas vezes nem somos reconhecidos pela nossa excelência em atender o consumidor de domingo a domingo, mesmo toda a população em isolamento estamos exercendo nossa cidadania e responsabilidade com a sociedade nos arriscando todos os dias frente a epidemia do COVID-19 e nessa crise o revendedor sofre acusações absurdas sobre estarmos escondendo o produto e até mesmo sermos tachados de ladrões, um absurdo! Contribuímos para a alimentação de famílias! Lembrem disso!
Segundo informações a situação está sendo monitorada todos os dias pelos órgãos competentes junto com as entidades do setor, mas enfrentamos várias barreiras e questionamentos que só a Petrobras pode responder. As distribuidoras informaram que o bombeamento de GLP da Petrobras não está normal, está sendo reduzido porque as unidades da Petrobras estão produzindo menos GLP devido à redução de venda de combustíveis nos postos, em especial a gasolina, alguns postos chegaram a atingir 80% de queda nas vendas, a média geral está em torno de 50%, os tanques das refinarias não devem estar suportando mais armazenamento de combustíveis e por isso se reduziu a produção. A Petrobras está importando mais GLP para tentar suprir a necessidade do mercado, a medida que a produção reduz, ela aumenta a importação de diversos lugares como da Argentina, Golfo e de outros polos produtores. Importante salientar que a logística brasileira está estrangulada, muitos problemas com dutos, faltam caminhões tanques para o transporte de GLP, além de muitos motoristas estarem no grupo de risco, o que leva ao atraso o processo de abastecimento. As distribuidoras também podem importar o GLP, algumas já fazem, mas de forma muito tímida ainda, o armazenamento ainda é um gargalo não resolvido. A importação da Bolívia feita por uma distribuidora parou por 15 dias, devido a redução do fornecimento de gás natural que fez reduzir a oferta de GLP na fronteira.
E eis a pergunta: Quando a Petrobras vai voltar à sua produção normal de GLP?
Não há nenhuma previsão de retorno de produção normal, tudo depende da volta do consumo e principalmente que nível a pandemia COVID-19 irá atingir e que curva teremos no gráfico no próximos dias.
Preços abusivos
O Sindvargas repudia qualquer conduta em relação a abuso de preços, ressaltamos que os preços dos combustíveis e derivados são livres. Desde 2002, vigora no Brasil o regime de liberdade de preços em toda cadeia de produção, distribuição e revenda de combustíveis e derivados de petróleo. Isto significa que não há qualquer tipo de tabelamento nem fixação de valores máximos e mínimos, ou qualquer exigência de autorização oficial prévia para reajuste. Em outro estado um governador e diretor do Procon estão induzindo ao consumidor um valor tabelado do gás de cozinha o que é ilegal. Segundo a pesquisa realizada pela ANP – Agência Nacional do Petróleo o preço médio no Distrito Federal é de R$70,64 podendo variar de R$63,99 a R$ 95,00. O segmento é de utilidade pública e não parou um dia se quer por conta da pandemia, mesmo diante dos riscos de contaminação. Lamentável o oportunismo político.
Sérgio Costa