19.5 C
Brasília
HomeMundoSecretário dos EUA renuncia após criticar capitão deposto por coronavírus

Secretário dos EUA renuncia após criticar capitão deposto por coronavírus

Capitão da Marinha foi deposto após escrever uma carta criticando isolamento de 5 mil tripulantes em navio com casos de coronavírus

Navio americano Theodore Roosevelt em quarentena por coronavírus (Kham/Reuters)

O secretário interino da Marinha dos Estados Unidos, Thomas Modly, renunciou nesta terça-feira (7), após insultar o capitão da Brett Crozier, que ganhou destaque na imprensa americana depois de escrever uma carta criticando as instalações de um porta-aviões no qual cerca de 5 mil tripulantes da corporação fazem quarentena e estão em isolamento por conta do coronavírus.

De acordo com três fontes do jornal Washington Post, a renúncia do secretário Modly ocorreu depois que ele viajou para Guam para fazer um discurso para a tripulação do porta-aviões Theodore Roosevelt, cujo comandante, capitão Brett Crozier, foi deposto na última semana e foi diagnosticado com coronavírus.

Durante o discurso, o então secretário acusou o capitão Crozier de ter vazado a carta sobre suas preocupações com a tripulação para a mídia ou de ser “ingênuo ou estúpido demais para ser o comandante de um navio como este”.

As declarações do secretário irritaram os tripulantes do navio, que tem mais de 170 casos de coronavírus confirmados. A opinião publica se voltou contra Modly, que pediu desculpas por ter insultado Crozier.

“Marinheiros não precisam morrer”, alertou o capitão

Em uma carta contundente, o capitão do porta-aviões Brett Crozier solicitou ao comando da Marinha dos Estados Unidos medidas mais fortes para salvar a vida de seus marinheiros e impedir a propagação do coronavírus a bordo da embarcação.

A carta, de quatro páginas, cujo conteúdo foi confirmado pelas autoridades norte-americanas à Reuters nesta terça-feira, descreveu uma situação sombria a bordo do porta-aviões com energia nuclear, à medida que cada vez mais marinheiros têm resultados positivos para o vírus.

O capitão escreveu que o navio carecia de instalações suficientes de quarentena e isolamento, e alertou que a estratégia atual desaceleraria o avanço da doença, mas não conseguiria erradicar o vírus.

Na carta, Crozier pediu “ação decisiva” e a remoção de mais de 4 mil marinheiros do navio e o isolamento deles. Juntamente com a tripulação do navio, a aviação naval e outros servem a bordo do Roosevelt.

“Não estamos em guerra. Os marinheiros não precisam morrer. Se não agirmos agora, estamos falhando em cuidar adequadamente de nosso bem mais confiável — nossos marinheiros”, escreveu Crozier.

O porta-aviões estava no Pacífico quando a Marinha informou seu primeiro caso de coronavírus, há uma semana. Desde então, chegou ao porto de Guam, um território insular dos Estados Unidos no Pacífico ocidental.

 

Veja Também