Virgínia Raggi, da legenda alternativa Movimento 5 Estrelas (M5S) venceu na capital italiana. O Partido Democrata, do primeiro-ministro Matteo Renzi saiu derrotado.
Roma, a “cidade eterna”, elegeu neste domingo a primeira prefeita de sua história. Desde suas origens míticas, com os irmãos Rômulo e Remo sendo amamentados pela loba nas margens do rio Tibre, em cerca de 750 a. C., esta será a primeira vez que Roma terá uma mulher no comando. A candidata do Movimento 5 Estrelas (M5S) Virgínia Raggi venceu o segundo turno contra Roberto Giaccheti, do Partido Democrata (PD), legenda do primeiro-ministro Matteo Renzi. Virgínia é uma fotogênica advogada de 37 anos e mãe de um menino; ela tem dois anos de experiência como vereadora na capital.
O segundo turno das eleições municipais realizado neste domingo na Itália, onde se renovavam as administrações de 126 cidades, vinte delas capitais de província entre elas Roma, Milão, Turim, Bolonha e Nápoles, representou um duro revés para Renzi e a confirmação do partido fundado pelo comediante Beppe Grillo como uma verdadeira alternativa política para o país. O M5S, de acordo com seu fundador, foi criado “para acabar com a velha e privilegiada política” e hoje representa o pior dos pesadelos para o líder do PD e primeiro-ministro Renzi.
Tanto em Roma como em Turim, o M5S quebrou anos de domínio da centro-esquerda, apostando em duas jovens desconhecidas e em sua primeira experiência política. “Esta noite venceram os cidadãos de Roma. Quero agradecer a todos os romanos que me deram este grande dever que realizarei nos próximos cinco anos”, disse Raggi em um breve pronunciamento à imprensa.
Mas o verdadeiro e inesperado golpe para o PD e para Renzi foi perder Turim, um dos redutos históricos da esquerda. A candidata do M5S, Chiara Appendino, ganhou no segundo turno das eleições municipais com 54,6% do prefeito e membro histórico do PD, Piero Fassino, que ficou com 45,4%. A jovem membro do M5S, economista e empresária de 31 anos e mãe de uma menina que nasceu em janeiro, tirou mais de dez pontos percentuais que Fassino tinha de vantagem no primeiro turno do dia 5 de junho.
Reformas – Renzi tinha advertido que estas eleições eram para escolher prefeitos e não um exame do governo, mas estes resultados deverão ser levados em conta, pois podem ser um espelho do que pode acontecer durante o importante referendo que o país realizará em outubro. Os italianos terão que decidir sobre a grande reforma constitucional defendida por Renzi e que representa o final do bicameral, com o equilíbrio de forças entre Senado e Câmara de Deputados. Pela proposta, a Câmara ganharia protagonismo político e o Senado ficaria reduzido a uma Casa legislativa com representação regional e poucas funções. No caso de os italianos não aprovarem esta reforma, Renzi já anunciou sua renúncia.