Despedida de Raphaella Noviski teve aplausos e balões brancos pedindo pela paz. A jovem foi vítima de feminicídio e cortejo percorreu a cidade Alexânia
Sob aplausos, o corpo da estudante Raphaella Noviski foi enterrado às 11h30 desta terça-feira (7/11), no Cemitério Campo da Saudade, em Alexânia (GO). No sepultamento, parentes e amigos soltaram balões para simbolizar a partida da jovem, vítima de feminicídio. Entre cantos evangélicos e homenagens, os presentes demonstraram indignação com o ato de covardia praticado por Misael Pereira Olair, 19 anos, preso em flagrante após assassinar a estudante com 11 tiros no rosto, dentro da sala de aula, no Colégio Estadual 13 de Maio.
O enterro ocorreu após um cortejo que cruzou cerca de 2,5km pela cidade no Entorno do Distrito Federal. No trajeto, familiares, amigos e moradores de Alexânia pediam justiça.
O velório foi realizado na Igreja Assembleia de Deus Madureira e começou por volta das 20h de segunda-feira (6/11), durando mais de 12 horas. O prefeito do município, Alysson Silva Lima (PPS), participou do funeral nas últimas horas de ontem. Ele decretou luto oficial de dois dias por causa da barbárie.
O pai da vítima e agente penitenciário Leandro Márcio Romano, 40 anos, estava muito abalado durante o enterro e clamou por justiça. Ele mora em Belo Horizonte, mas chegou em Alexânia, na manhã do último domingo para passar férias. O pai iria se encontrar com Raphaella e a irmã no dia do crime, após a aula. “É uma mistura de sentimentos. Raiva e tristeza caminham juntos. Eu espero que ele (assassino) fique bastante tempo preso. Trinta anos, para ele, na cadeia é pouco”, disse.
Na igreja, o clima era de revolta. Amigos e familiares diziam não entender por que o assassino resolveu matá-la simplesmente pelo fato de ter sido rejeitado pela jovem. “Ele (Misael) destruiu um sonho num ato frio e covarde. Espero que ele pague pelo que fez”, lamentou Alex dos Santos, 26 anos, amigo de igreja da jovem.
Segundo relato de uma prima de Raphaella, o rapaz chegou a ameaçar a estudante, por telefone, horas antes do assassinato. “Ele já a ameaçava desde o ano passado. Quando foi hoje cedo (ontem), ela recebeu uma ligação e ouviu: ‘Está preparada?’. Aí, logo em seguida, ele desligou”, afirmou na segunda-feira a jovem, que preferiu não se identificar.
Raphaella morava com a avó e, em outra ocasião, Misael ameaçou entrar na casa da menina com uma faca. “Ela não procurou a delegacia porque pensou que isso fosse acabar. No ano passado, ele foi à casa da minha avó ameaçando entrar dentro com faca. Minha avó é cadeirante, ficou desesperada. E meu tio ameaçou ligar para a polícia se ele continuasse indo para lá”, contou a prima da vítima.