Das 93 terras indígenas do Cerrado, 63 (cerca de 67%) tiveram aumento de sua área queimada nos primeiros nove meses do ano, quando comparado ao mesmo período de 2019 a 2023
Entre janeiro e setembro, 63 das 93 terras indígenas do Cerrado registraram aumento nas áreas queimadas, atingindo mais de 2,8 milhões de hectares, 105% a mais que em 2023, segundo o Ipam e o Mapbiomas.
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) indicam que as terras indígenas estão entre as áreas mais conservadas do Brasil. A diretora de Ciência do Ipam, Ane Alencar, alerta que o avanço das queimadas fora do período controlado ameaça o Cerrado, destacando a importância da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Esta política busca fortalecer comunidades e práticas culturais, evitando incêndios catastróficos.
O Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso são os estados mais afetados, com destaque para a Terra Indígena Rancho Jacaré (MS), que teve o maior crescimento de área queimada, chegando a 158.354%. Amambai (RS) e Parque do Aripuanã (MS) também registraram aumentos significativos, de 10.710% e 5.202%, respectivamente.
Impacto das queimadas no Cerrado
As queimadas em terras indígenas são, em parte, resultado de estratégias de controle, como a queima prescrita, realizada para reduzir o acúmulo de matéria orgânica. No entanto, algumas áreas sofreram danos significativos: a TI Pimentel Barbosa foi a mais atingida, com 69,28% de seus 329.119 hectares queimados. Parabubure (MT) e Areões (MT) também estão entre as mais afetadas, com 67,84% e 64,91% de suas áreas queimadas, respectivamente.
O Parque do Araguaia (TO) teve a maior área queimada, com mais de 638 mil hectares, seguido por Paresi (MT) e Inawebohona (TO), com 249.508 e 236.680 hectares queimados, respectivamente.
Os pesquisadores recomendam intensificar o apoio aos órgãos ambientais, além de promover treinamento, equipamentos e formação de brigadas para comunidades tradicionais e indígenas, que possuem conhecimento ancestral sobre o uso controlado do fogo.