O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou nesta quinta-feira o pré-candidato à presidência americana Donald Trump, dizendo que o magnata é uma pessoa “muito brilhante e talentosa” e “líder absoluto” na corrida presidencial republicana nos Estados Unidos. Em sua grande entrevista coletiva anual, Putin destacou que uma das propostas de Trump é tornar as relações com a Rússia mais sólidas e profundas. “Por acaso podemos não elogiar isto? Naturalmente, nós o cumprimentamos”, disse.
“Em relação ao novo presidente americano, primeiro é preciso entender quem será. Em qualquer caso, seja quem for, estamos dispostos e queremos desenvolver nossa relação com os Estados Unidos. Estamos abertos e trabalharemos com qualquer presidente que o povo americano escolher”, apontou. Putin afirmou também que a visita do secretário de Estado americano, John Kerry, nesta semana a Moscou demonstra que os “EUA estão dispostos a avançar para as decisões conjuntas naqueles assuntos que só podem ser solucionados de maneira coletiva”.
Putin manteve uma boa relação com o anterior presidente republicano, George W.Bush, especialmente depois dos atentados de 11 de setembro de 2011. Por outro lado, desde que retornou ao Kremlin em 2012, suas relações foram especialmente frias com o atual chefe da Casa Branca, Barack Obama, que não escondeu que preferia que o atual primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, se mantivesse como líder.
Turquia – Algumas das palavras mais duras de Putin foram direcionadas à Turquia, com quem disse não ver a possibilidade de superar as tensões sob a sua liderança atual. Depois que a Turquia derrubou um jato russo na fronteira turca com a Síria no dia 24 de novembro, o presidente disse estar atordoado que Ancara, ao invés de entrar em contato com Moscou para explicar a sua ação, virou-se imediatamente para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Ucrânia – Na coletiva de imprensa dessa quinta-feira, Vladimir Putin admitiu pela primeira vez a presença de especialistas militares russos no leste da Ucrânia. O Kremlin negou repetidas vezes sua presença militar no conflito, apesar de inúmeras evidências que provam o contrário, mas, ao ser questionado por um repórter ucraniano sobre o assunto, Putin confirmou que oficiais de inteligência militar operam no país.
“Nós nunca dissemos que não havia pessoas lá que executavam determinadas tarefas, incluindo na esfera militar”. Contudo, Putin insistiu que esses oficiais têm papel muito distinto das tropas russas regulares, que não operam na região. Afirmou também que a Rússia está disposta a convencer os separatistas no leste da Ucrânia de que é necessário um acordo para alcançar uma solução política para o conflito na região.