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Promotores de NY acusam a Trump Organization de fraude e crimes fiscais

Diretor financeiro Allen Weisselberg e companhia responderão por ‘esquema de 15 anos de evasão de impostos’. Valor estimado de desvios chega a US$ 1,7 milhão.

Fachada da Trump Tower, em Nova York, em foto de 2016 — Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP/Arquivo

Os promotores de Nova York, Estados Unidos, acusaram formalmente nesta quinta-feira (1º) a Trump Organization de fraude e crimes fiscais.

Antes do anúncio, o diretor financeiro (CFO) da companhia, Allen Weisselberg, havia se apresentado às autoridades judiciais para prestar esclarecimentos (leia mais adiante nesta reportagem).

Ele e a empresa do ex-presidente americano Donald Trump responderão por um “esquema de 15 anos de evasão de impostos”. O valor estimado dos desvios chega a US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 8,6 milhões).

A Trump Organization é o braço de negócios imobiliários que alçou o magnata Donald Trump à fama antes que ele chegasse à Casa Branca – primeiro nas colunas sociais e programas de TV.

Carey Dunne, conselheiro-geral da Promotoria do distrito de Manhattan, que investigava o caso, classificou o que chamou de “esquema de pagamentos ilegais” como “abrangente e audacioso”.

“Este foi um esquema de fraude fiscal de 15 anos envolvendo pagamentos não registrados”, disse Dunne durante a audiência desta.
CFO se apresentou à justiça

O diretor financeiro da Trump Organization, Allen Weisselberg, se apresentou às autoridades judiciais nesta quinta. Ele rejeitou as acusações e alegou inocência.

Weisselberg é um contador de 73 anos que passou grande parte de sua carreira trabalhando no império imobiliário da família Trump, no qual ingressou em 1973.

Também ajudou o ex-presidente a administrar o conglomerado durante seu período na Casa Branca.

Allen Weisselberg se apresenta à Justiça dos EUA nesta quinta-feira (1º), quando foi formalmente acusado de crimes fiscais. — Foto: REUTERS/Andrew Kelly
Allen Weisselberg se apresenta à Justiça dos EUA nesta quinta-feira (1º), quando foi formalmente acusado de crimes fiscais. — Foto: REUTERS/Andrew Kelly.

Trump não deve ser indiciado por enquanto

Estas são as primeiras denúncias formais de uma investigação que dura anos – inicialmente tratadas pela esfera civil, ela passou em maio a ser também criminal, por suspeita de fraudes bancárias e evasão.

Os jornais “The Wall Street Journal”, “The New York Times” e “The Washington Post” dizem que as acusações se referem a benefícios em espécie concedidos Weisselberg que não teriam sido declarados à Receita.

Trump não deve ser indiciado por enquanto, mas a investigação do Ministério Público de Nova York continua (veja mais abaixo).

O ex-presidente sempre negou qualquer irregularidade e disse que a investigação era uma “caça às bruxas” por por motivos políticos, pois Vance é filiado ao Partido Democrata (nos EUA, os membros do Ministério Público são eleitos e é comum que os promotores sejam ligados a partidos políticos).

Imagem de arquivo mostra a entrada do Trump International Hotel em Washington, no dia de sua abertura — Foto: Kevin Lamarque/Reuters
Imagem de arquivo mostra a entrada do Trump International Hotel em Washington, no dia de sua abertura — Foto: Kevin Lamarque/Reuters.

A investigação

O promotor distrital inicialmente se concentrou em investigar pagamentos para comprar o silêncio de duas mulheres que afirmam ter tido casos com Trump, mas avançou para evasão fiscal e fraude.

O inquérito é conduzido de maneira sigilosa e, em março, obteve acesso a oito anos de declarações de Imposto de Renda de Trump, após uma decisão da Suprema Corte do país.

Suprema corte dos EUA determina que Trump apresente imposto de renda

Antes de ser preso, Cohen alegou que Trump – com o apoio de seus familiares – cometeu diversas fraudes fiscais e bancárias ao longo dos anos.

Segundo o ex-advogado, o republicano teria “inflado seus ativos” para aparecer na lista dos homens mais ricos da revista “Forbes”, mas mentiu e desinchou os números para não pagar impostos.

 

Michael Cohen na saída de seu apartamento em Nova York, antes de se entregar à Justiça — Foto: Jeenah Moon/ReutersMichael Cohen na saída de seu apartamento em Nova York, antes de se entregar à Justiça — Foto: Jeenah Moon/Reuters.

IR presidencial

Durante a campanha presidencial americana e os quatro anos em que ocupou a Casa Branca, Trump se recusou a divulgar as suas declarações de Imposto de Renda – algo que era feito por todos os seus antecessores.

Os presidentes americanos sempre divulgaram suas declarações, detalhando as fontes de renda e impostos pagos, em nome da transparência.

Em setembro, o jornal “The New York Times” revelou que Trump não pagou imposto de renda em 10 dos 15 anos anteriores à sua eleição — e pagou apenas US$ 750 de imposto em 2016 e em 2017 (justamente o ano em que foi eleito e o primeiro no cargo).

Em maio deste ano, Biden retomou a tradição rompida por Trump e publicou a sua declaração de impostos.

O atual presidente americano e sua esposa, Jill, ganharam no ano passado US$ 607 mil (cerca de R$ 3,16 milhões na cotação da época).

O casal pagou US$ 157 mil em Imposto de Renda federal, uma alíquota efetiva de 25,9%, e mais US$ 28,8 mil de IR estadual em Delaware, onde residia antes de chegar à Casa Branca.

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