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Princesa Mako do Japão se casa após anos de controvérsia

Na família imperial, as mulheres não podem ascender ao Trono de Crisântemo e perdem o título quando casam com um plebeu

Desde que anunciou o noivado em 2017, o casal virou o alvo predileto dos tabloides (Nicolas Datiche/Getty Images)

A princesa Mako do Japão se casou nesta terça-feira (26) com seu namorado desde a universidade, Kei Komuro, em uma cerimônia discreta após anos de controvérsia.

Desde que anunciou o noivado em 2017, o casal virou o alvo predileto dos tabloides, que destacavam as dificuldades financeiras da família plebeia de Komuro.

Mas finalmente, “os documentos do casamento foram concluídos e aceitos”, afirmou uma fonte da casa imperial à AFP.

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram a princesa e sobrinha do imperador Naruhito saindo da residência imperial de Akasaka. Com um ramo de flores em suas mãos, Mako se despediu com uma reverência de seus pais e da imprensa, além de um abraço na irmã.

“Kei é insubstituível. Nosso casamento é um passo necessário para que possamos proteger nossos corações”, declarou Mako.

“Eu amo Mako”, afirmou o marido, antes de acrescentar que “de agora em diante quero estar ao lado do amor da minha vida”.

Na família imperial nipônica, as mulheres não podem ascender ao Trono de Crisântemo e perdem o título quando casam com um plebeu.

Mas pela primeira vez na história do Japão após a guerra, a princesa de 30 anos e o noivo, da mesma idade e advogado em uma empresa nos Estados Unidos, se casaram sem o ritual tradicional.

Além disso, Mako renunciou a uma importante quantia oferecida habitualmente às mulheres da família imperial por ocasião do casamento.

Aprovação popular

Quando o casal anunciou o noivado há quatro anos, tudo era diferente. Komuro descreveu Mako como “a lua” que cuidava dele discretamente e ela comparou seu sorriso ao sol.

Mas quando a imprensa começou a investigar o passado de Komuro sugiram informações de que sua mãe não pagou um empréstimo de 4 milhões de ienes (35.000 dólares) a um ex-noivo.

A disputa, ainda sem solução, provocou escândalo no Japão, onde se espera um comportamento impecável dos membros da família imperial.

Tanta atenção da imprensa provocou um transtorno de estresse pós-traumático em Mako, admitiu recentemente a agência imperial.

O casal adiou o casamento e Komuro se mudou para Nova York para estudar Direito em 2018, decisão interpretada como uma tentativa de escapar da imprensa.

O recém-formado voltou ao Japão no mês passado, com direito a um novo penteado, que também virou assunto na imprensa.

“Existem opiniões diferentes sobre meu casamento com Kei”, declarou Mako nesta terça-feira.

“Eu gostaria de agradecer aos que estão preocupados comigo e aos que sempre nos apoiaram, a Kei e a mim, sem escutar os boatos infundados”, acrescentou a princesa, que confessor ter sentido “medo, tristeza e dor” com os rumores.

Apesar da pressão da imprensa sensacionalista, uma pesquisa do jornal Yomiuri Shimbun mostra que metade dos entrevistados aprovam o casamento, enquanto 33% se declaram contrários.

Mudança para os Estados Unidos?

No matrimônio de Mako e Kei “não haverá cerimônia de casamento, banquete nem outros rituais, e não haverá pagamento” à noiva, indicou a agência imperial no início do mês, em referência ao presente convencional de 153 milhões de ienes (1,35 milhão de dólares).

Muitos especulam que o casal planeja mudar para os Estados Unidos, o que provocou algumas comparações com outro casal real também sob forte pressão midiática: o príncipe Harry da Inglaterra e sua esposa Meghan Markle.

Não está claro se a já ex-princesa Mako trabalhará no país, embora esteja mais do que qualificada. Ela estudou Arte e Patrimônio Cultural na Universidade Internacional Cristã de Tóquio, onde conheceu Komuro, e passou um ano em Edimburgo.

Também tem mestrado pela Universidade de Leicester (Reino Unido).

O trono japonês só pode ser herdado por homens da família. Os filhos de mulheres que se casam com plebeus ficam excluídos da linha de sucessão.

Já aconteceram debates sobre uma mudança das regras, inclusive um painel governamental abordou a questão, mas o caminho é dificultado pela forte oposição dos tradicionalistas, que rejeitam a possibilidade de uma mulher no trono.

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