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Prejuízo após tornado destruir Jarinu ultrapassa R$ 18 mi, calcula prefeitura

288 pessoas ficaram desalojadas; campanhas e doações continuam. Tornado e microexplosões causaram morte e desabamentos no domingo (5).

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Imagem aérea mostra área destruída em Jarinu, interior de SP. Um temporal e fortes rajadas de ventos na noite de domingo (5) causaram uma morte e vários desabamentos em cidades do interior do estado, na região de Sorocaba e Jundiaí (Foto: Carlos Nardi/WPP/Estadão Conteúdo)

Os prejuízos causados por um tornado seguido de microexplosões em Jarinu (SP) já ultrapassam os R$ 18 milhões. Uma semana após a cidade ser destruída, a prefeitura divulgou um balanço com os danos causados na cidade, que continua em estado de emergência. O valor corresponde a 20% da arrecadação do município, que não chega a R$ 100 milhões por ano. A cidade deve demorar pelo menos três meses para ser reconstruída.

A tempestade devastou parte do município na noite de domingo (5) e atingiu diversos bairros. Imagens aéreas mostram partes mais arrasadas do município. O vento foi tão forte que chegou a tombar dois caminhões de 40 toneladas. Uma pessoa morreu após ser atingida pela cobertura de um ponto de ônibus que voou com o temporal.

E os números dos estragos impressionam. Os prejuízos, tanto público quanto particular, atingiram a agricultura, comércio, serviços, instalações públicas e residências. De acordo com a prefeitura, 276 casas foram danificadas e outras 83 destruídas.

São pelo menos 288 pessoas que tiveram que deixar suas casas e estão na casa de amigos e familiares. Dessas, 12 necessitam de abrigos públicos, mas a prefeitura alega não ter condições de fornecer abrigo.

Doações
As campanhas com doações continuam sendo realizadas na cidade. Até o momento, já foram arrecadados cerca de 4 mil peças de roupas, 1,1 mil cobertores 300 cestas básicas, 150 kits de limpeza, 50 kits de higiene pessoal, 200 pacotes de fraldas, 200 fardos de água.

Materiais de limpeza também estão sendo arrecadados (Foto: Prefeitura de Jarinu/Divulgação)

Além de moradores da cidade, Jarinu também tem recebido apoio do governo estadual e municípios vizinhos, como um caminhão de Jundiaí (SP) que levou roupas, cobertores e mantimentos arrecadados por uma igreja. Ainda há necessidade da doação de utensílios domésticos, alimentos não perecíveis e móveis em bom estado. Materiais de construção devem ser entregues diretamente para as famílias afetadas.

O único ponto de recebimento de materiais pela prefeitura é o CRAS, que fica na Rua Leão Rachaman, 11, no bairro Vila Rica. O recebimento será feito todos os dias, inclusive aos fins de semana, das 9h às 14h. Interessados em doar móveis e eletrodomésticos podem ligar para o número (11) 4016-5634 e agendar um horário para as equipes da prefeitura irem até o local para retirar a doação.

Uma lei municipal foi aprovada em regime de urgência para que a prefeitura compre materiais de construção e realize o pagamento de auxílio aluguel. A administração municipal deve enviar nesta segunda-feira (13) um documento necessário para a liberação de recursos do governo estadual. O balanço com os estragos foi enviado para oficializar o estado de emergência. Com isso, os moradores poderão, ainda em data não divulgada, solicitar a liberação de até R$ 6,2 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Morador de Jarinu flagrou fenômeno no bairro Nova Trieste (Foto: Cleveton Lodi Pessali/ Arquivo Pessoal)

Tornado e microexplosões
O Centro de Pesquisas Meteorologicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri) de Campinas (SP) confirmou na quinta-feira (9) que a cidade foi atingida por um tornado, seguido de microexplosões.

Equipes do Centro estiveram na cidade para analisar os estragos e comparar com osdados climáticos registrados registrados na noite de domingo (5).

De acordo com o professor e meteorologista do Cepagri, Hilton Silveira, o fenômeno é considerado raro. Segundo o especialista, tornados e microexplosões têm origem na mesma nuvem, a Cumulonimbus, e os dois são fortes correntes de ar.

A diferença entre os dois fenômenos está na assinatura que deixam no solo. Uma microexplosão acontece quando uma forte rajada de vento sai da base da nuvem em direção ao solo, provocando um forte estouro que deixa quase uma linha reta de destruição, especialmente árvores tombadas para o mesmo lado.

Destruição

Uma mulher de 48 anos morreu atingida pela cobertura de um ponto de ônibus que desabou durante o vendaval.  Cleonice Souza trabalhava como técnica em enfermagem. O corpo dela foi levado para a cidade de Uauá (BA). Outras 50 pessoas foram atendidas com ferimentos no pronto-socorro da cidade.

O vendaval derrubou imóveis e chegou a tombar duas carretas de 40 toneladas. Os moradores também enfrentaram problemas como  falta de energia elétrica, abastecimento de água e serviços de telefonia.

Governador Alckmin visitou Jarinu e prometeu ajuda (Foto: Divulgação)

As câmeras flagraram a destruição do posto de combustíveis, que acabou ficando quase irreconhecível após ser atingido pelo temporal. É possível ver parte da estrutura desabando e várias partes do teto passam voando. A cobertura do posto acabou dobrando ao meio e formou um amontoado de ferro retorcido.

O segundo vídeo mostra momentos antes da força do vento tombar duas carretas de 40  toneladas. A imagem mostra um dos veículos estacionado durante o temporal quando começa a trovejar e poucos minutos depois a chuva chega com força, acompanhada de ventania. A câmera parou de funcionar antes de registrar o momento em que o caminhão tombou.

Prioridades
O governador Geraldo Alckmin esteve na cidade no começo da semana passada. “Sempre o primeiro trabalho são as famílias, são as pessoas. Remédio, lona, colchão, enfim, mantimento. Depois segurança, energia elétrica, água, e finalmente ajudar a recompor a cidade. Reconstruir aquilo que lamentavelmente se perdeu. E não foi pouco o problema”, disse Alckmin.

Ainda de acordo com o governador, a ajuda será feita de duas formas. Para a população, o recurso poderá ser passado diretamente para a prefeitura. “Para o setor privado, não sendo órgão público, vamos abrir uma linha de crédito como fizemos em Taquarituba (SP), que teve também um tornado, que é mais grave”, esclarece.

Segundo levantamento da Defesa Civil, quatro bairros foram afetados: Centro, Primavera, Morada Alta e Nova Trieste. Ainda conforme o órgão, o Centro e o bairro Primavera foram os mais destruídos.

A prefeitura informou que mais de 50 comércios ficaram total ou parcialmente destruídos, dez prédios públicos foram danificados e mais de 20 residências, na região central e no bairro Primavera, foram atingidas. Ainda conforme a prefeitura, 45 famílias do bairro Primavera estão desalojadas e se abrigaram em casa de parentes e amigos.

Diversas Unidades Básicas de Saúde foram afetadas e ficaram fechadas por dois dias. O atendimento médico e de enfermagem já voltou a ser realizado normalmente nos bairros. Apenas os agendamentos que dependem da internet não estão sendo realizados.

Reconstrução
A prefeitura de Jarinu acredita que pode levar até três meses para conseguir recuperar os diversos estragos causados por um temporal e fortes rajadas de ventos. Segundo o prefeito de Jarinu , apesar de ser cedo para calcular os prejuízos, para Vicente Zacan, será preciso tempo para que a cidade volte a ser reconstruída. “Acredito que a energia só deve ser normalizada em três dias e o Centro da cidade, infelizmente, deve ser reconstruído em três meses.”

As ruas do centro comercial foram as mais atingidas. Algumas árvores chegaram a ser arrancadas pela raiz. “Não dá nem para acreditar em como tudo foi rápido. Foram dois minutos de ventos que causaram o estrago todo”, comenta o comerciante Alex Rodrigues.

Homens da Defesa Civil e outros funcionários da prefeitura passaram a madrugada cortando galhos que estavam caídos nas ruas e em cima de algumas casas.

Fiéis que estavam em uma igreja ficaram feridos. No local, várias cadeiras ficaram quebradas depois que a parte metálica caiu. Cerca de 50 pessoas atingidas pelo temporal foram encaminhadas ao pronto-socorro da cidade.

A dona de casa Eurides Batista da Silva, que mora perto do posto de combustíveis onde as carretas estavam estacionadas, foi atendida com cortes na cabeça. “Começou um vento fortíssimo e minha casa começou a cair. Desabou tudo e eu pensei que ia morrer, não sei como consegui sair de lá”, conta.

Galeria de lojas ficou destruída por causa do temporal (Foto: Reprodução/TV TEM)
Estruturas ficaram retorcidas (Foto: Reprodução/TV TEM)

 

 

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