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Polícia do DF prende em SP grupo criminoso especializado em golpe cibernético

O escritório onde os crimes aconteciam ficava localizado em uma sala alugada, num prédio comercial de Santo André, onde as buscas aconteceram nesta quinta – (crédito: Divulgação/PCDF)

A organização criminosa alvo da operação, na manhã desta quinta (25/4), já operava há pelo menos cinco anos com o conhecido golpe do falso site de leilão de carros. A PCDF, com o apoio da PCSP, cumpriu os mandados em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo

Na manhã desta quinta-feira (25/4), equipes da 9ª DP da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) com o apoio da Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCSP) realizaram uma megaoperação contra uma organização criminosa especializada em golpe cibernético. Em São Paulo, São Bernardo e Santo André, os policiais cumpriram 12 mandados de prisão, 10 mandados de busca e apreensão, 50 bloqueios de contas bancárias e a derrubada de 540 domínios de sites falsos. No total, são cerca de 61 indiciamentos de pessoas envolvidas no esquema.

A polícia informou que a esposa do chefe do esquema, identificado como Lucas Fernando Simões, foi presa. Contudo, ele está foragido. As suspeitas são de que o criminoso tenha ido para os Estados Unidos. De acordo com a PCDF, Lucas tem uma empresa de aluguel de carros em Miami, erguida com dinheiro dos golpes aplicados no Brasil.

O chefe do esquema está foragido
(foto: Divulgação/PCDF )

Como o grupo agia

A organização alvo da operação operava há pelo menos cinco anos com o conhecido golpe do falso site de leilões de carros. Para realizar o esquema, os criminosos selecionavam websites reais de empresas famosas do ramo de leilão de veículos e os clonavam, criando outros idênticos. Apenas a extensão de endereço era trocada — enquanto os sites legítimos tinham terminação em “.com.br”, os clonados, com a mesma aparência, terminavam em “.net”.

Após copiar os sites, os criminosos pagavam empresas de marketing digital para impulsionar os endereços falsos em mecanismos de pesquisa como o Google. Dessa forma, quando uma pessoa procurava pela empresa real, nos primeiros resultados da lista de pesquisa aparecia o site clonado. Nos portais falsos, havia telefones de contato e as vítimas interagiam com os criminosos pelo WhatsApp, crendo que negociavam com a empresa real. O grupo enviava falsas notas de arrematação para as vítimas, que só percebiam o golpe meses depois, quando o carro não era entregue. Ao perceberem que foram lesados, as vítimas tentavam contatar os golpistas, mas não obtinham sucesso, pois os criminosos bloqueavam o telefone.

O escritório onde os crimes aconteciam ficava localizado em uma sala alugada, num prédio comercial em Santo André, onde as buscas aconteceram nesta quinta (25/4). Na sala, os criminosos batiam ponto das 8h às 18h, passando o dia inteiro aplicando golpes em vítimas de todo o Brasil, com uma jornada de trabalho semelhante a de uma empresa real.

Depois de usar um mesmo nome falso em muitos golpes, a empresa começava a perder credibilidade por acumular muitos registros em sites de reclamação. Então, o grupo criava um novo site com o nome de outra empresa, ainda desconhecida. Em muitos portais, o grupo inseria até mesmo o brasão do TJDFT, para dar um verniz de credibilidade e fingirem estar autorizados a atuar na área. Os investigadores conseguiram mapear cerca de 540 websites maliciosos que eram mantidos em estoque pelo mesmo grupo criminoso. Apenas na 9ª DP, foram registradas 10 ocorrências com prejuízos somados em R$ 470.000.

Para além dos registros recebidos, a polícia acredita que existam centenas de outras vítimas espalhadas por todo território nacional. Na manhã desta quinta (25/4), em cumprimento a ordem judicial, a PCDF derrubou todos os 540 websites maliciosos, bem como os demais serviços de hospedagem que o grupo possuía contratado em Data Centers. Durante a operação, realizaram, ainda, bloqueios de contas bancárias, apreensão de veículos e outros bens como um jet-ski, com a finalidade de reverter os valores em benefício das vítimas.

A investigação também mapeou um laranjal de contas bancárias em mais de 10 instituições financeiras diferentes. As múltiplas contas correntes eram usadas pelos criminosos para receber os valores e depois fragmentá-los em diversas transferências subsequentes, dificultando o rastreio. Em maioria, as contas eram titularizadas por indivíduos residentes em comunidades do Rio de Janeiro, mais uma estratégia dos criminosos na tentativa de direcionar a investigação para o outro estado quando, na verdade, estavam sediados no estado de São Paulo.

Os crimes e as penas

Todos os envolvidos, desde as pessoas que alugavam suas contas bancárias, até os mentores intelectuais do esquema, de acordo com a polícia, tiveram suas autorias comprovadas e foram indiciados pelos crimes de participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e dezenas de fraudes eletrônicas, com penas que, se somadas, podem alcançar mais de 30 anos de reclusão.

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