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Pix pode se transformar em identidade digital, diz Campos Neto

Segundo o Banco Central, Pix teve uma adesão superior ao esperado e já é usado por 75,6 milhões de brasileiros

(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O Pix segue ganhando espaço nos pagamentos realizados no país e, por isso, já é visto pelo Banco Central (BC) como um instrumento que pode evoluir para se transformar em uma identidade digital dos brasileiros. Foi o que disse nesta quarta-feira (14/4) o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Pix teve uma absorção muito rápida da sociedade. Entendemos que podemos expandir isso para melhorar ainda mais a qualidade de vida das pessoas com os serviços públicos, eventualmente se tornando uma identidade digital das pessoas, como aconteceu na Índia”, afirmou Campos Neto.

Ele ainda indicou que, por isso, deve conversar sobre o assunto com as autoridades indianas. A declaração ocorreu durante evento promovido pela Embaixada da Índia e pela Tata Consultancy Services (TCS) com o intuito de discutir a evolução tecnológica do sistema financeiro.

Dados apresentados pelo Bacen explicam que o Pix vem ganhando protagonismo no sistema de pagamentos brasileiro. Ao lançar o projeto, a expectativa do BC era que 20 milhões de pessoas aderissem aos pagamentos instantâneos nos seis primeiros meses de funcionamento do Pix. Hoje, contudo, 75,6 milhões de pessoas e 5 milhões de empresas já estão registradas no sistema. Ao todo, já são 206,6 milhões de chaves Pix.

Campos Neto admitiu que a maior parte das transações do Pix é realizada por pessoas mais jovens, mas disse que, mesmo na população de idade mais avançada, há um crescimento expressivo dos pagamentos instantâneos. Em fevereiro, o BC registrou 275,4 milhões de Pix e 3,9% dessas operações foram feitas por consumidores com mais de 60 anos.

O número de transações foi ainda maior em março: 393,6 milhões. Por isso, o Pix movimentou R$ 278,4 bilhões no mês passado, com um tíquete médio de R$ 751, segundo o BC. O sistema de pagamentos instantâneos, portanto, já registra muito mais transações do que o TED e o DOC: em março, foram 120 milhões de TEDs e 9 milhões de DOCs, contra os 393,6 milhões de Pix.

Agenda de tecnologia

Além do Pix, estão na agenda de tecnologia do Banco Central projetos de Open Banking e moeda digital. Nesta quarta-feira, Roberto Campos Neto lembrou que a implantação do Open Banking termina neste ano, para permitir que os brasileiros usem os próprios dados para obter produtos financeiros melhores. Ele também voltou a prometer novidades sobre a moeda digital. “Temos avançado nisso. Devemos sair com alguma coisa em breve, em termos de comunicação, para deixar claro para a sociedade para onde estamos indo”, disse.

O presidente do BC também reforçou que o sistema financeiro vai funcionar de forma cada vez mais integrada com as mídias sociais daqui para a frente. Segundo ele, daqui a alguns anos, será preciso entender até se os consumidores vão entrar no sistema financeiro por meio dos bancos ou das redes sociais. “Hoje, existe muita preocupação sobre a interação de fintechs e bancos, mas a interação que vai ter é bem maior e mais ampla, é a interação das mídias sociais com o sistema financeiro”, afirmou.

O chefe da autoridade monetária explicou que existe uma convergência entre texto, mensageria, conteúdo e pagamento, que vai permitir fazer o anúncio, a venda e o pagamento de um produto em um mesmo espaço digital. Ele lembrou ainda que, neste sentido, recentemente, o BC autorizou o sistema de pagamentos do WhatsApp a operar no Brasil. “É uma convergência que vai mudar o equilíbrio do sistema financeiro. Daqui a alguns anos, vai precisar entender qual é o ponto de entrada do cliente, o banco ou a mídia social”, declarou.

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