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PIB dos EUA cresce 4% no quarto trimestre e confirma desaceleração da retomada

No ano, o PIB americano recuou 3,5% ante 2019, em meio às quedas bruscas no começo da pandemia. Avanço do coronavírus, vacinação ainda lenta e dúvidas sobre pacote de Biden preocupam para 2021

Pessoas em fila para seguro desemprego no Kentucky, nos EUA: economia deve retomar em 2021, mas ainda de forma mais lenta (Bryan Woolston/Reuters)

O PIB dos Estados Unidos cresceu 4% no quarto trimestre de 2020, segundo divulgado pela Agência de Análises Econômicas (BEA, na sigla em inglês) nesta quinta-feira, 27. No ano, o PIB americano recuou 3,5% ante 2019, oficializando a recessão no país.

O valor, em taxa anualizada, vem em linha com as expectativas do mercado. “O aumento do PIB no quarto trimestre reflete tanto a recuperação econômica continua ante as quedas bruscas anteriores no ano quanto o impacto contínuo da pandemia da covid-19, incluindo novas restrições e medidas implementadas em algumas áreas dos EUA”, escreveu o BEA em nota com a divulgação dos resultados.

O crescimento no quarto trimestre se confirmou aquém da alta no trimestre anterior, quando o PIB americano cresceu 33,4% em uma taxa anualizada, um recorde na história americana. O crescimento foi impulsionado por um pacote de estímulo trilionário do governo no ano passado, que incluíram pagamentos de auxílio a desempregados e empréstimos a empresas.

É certo que o ritmo de recuperação da economia americana desacelerou no final do ano passado, o que aponta para um cenário ainda nebuloso em 2021.

Parte da incerteza vem do próprio avanço da pandemia: os EUA chegaram à triste marca de mais de 400.000 mortos pela covid-19, e chegou a ter mais de 200.000 novos casos diários da doença no começo do mês. Nas últimas duas semanas, o número de novos casos vem caindo, mas ainda preocupa e passa de 100.000 por dia. O avanço da doença, somado à lentidão na vacinação, tem feito os estados americanos imporem novas restrições à mobilidade, o que prejudicou a economia no fim do ano.

Em relatório nesta semana, o FMI melhorou sua projeção para a economia dos EUA, prevendo crescimento de 5,1% em 2021, 2 pontos percentuais acima do que havia previsto em seu relatório de outubro do ano passado, em parte diante da expectativa pelos estímulos fiscais do governo de Joe Biden.

Segundo o órgão, a revisão para cima reflete o forte impulso da economia ao longo do segundo semestre de 2020 e o suporte adicional dado pelo pacote fiscal aprovado em dezembro, quando o presidente Donald Trump assinou um plano de estímulo de 900 bilhões de dólares.

A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, disse que o novo pacote de estímulo econômico proposto há duas semanas pelo presidente Joe Biden, de 1,9 trilhão de dólares, poderia impulsionar a economia americana em 1,25% neste ano e em até 5% ao longo de três anos. O “Plano de Resgate Americano” de Biden prevê, entre outras coisas, financiar um programa nacional de vacinação, criar fundos de emergência para os governos estaduais e locais, fornecer ajuda direta a empresas e famílias (incluindo um cheque de 1.400 dólares para milhões de americanos) e dobrar o salário mínimo (que subiria para 15 dólares a hora).

No entanto, não está claro se o pacote de Biden passará no Congresso, com republicanos já defendendo um escopo menos ambicioso.

A agilidade da vacinação também será crucial para a retomada americana em 2021. Embora os EUA sejam o país com mais doses da vacina da covid-19 aplicadas (com quase 26 milhões de doses desde dezembro), a vacinação tem tido gargalos e sido mais lenta do que o esperado. Nesta semana, Biden ordenou a compra de mais 200 milhões de doses de vacinas. Os EUA têm vacinado até agora com as vacinas de Pfizer/BioNTech e Moderna.

Os EUA tem uma taxa de quase 8 doses da vacina por 100 habitantes — o que significa que, se todos tivessem recebido somente uma dose, o país chegaria à casa dos 8% da população imunizada.

Na prática, como parte das vacinas foi usada na segunda dose, o país tem cerca de 6,5% da população tendo tomado ao menos uma dose da vacina, segundo contagem da Bloomberg. (O país que lidera nesta frente é Israel, com quase 50 doses a cada 100 habitantes e mais de um terço da população já tendo tomado ao menos uma dose.)

 

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