Resultados do segundo trimestre divulgados nesta sexta-feira, 31, mostram a queda no auge da pandemia do coronavírus na Europa, entre abril e junho
O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro teve queda de 12,1% no segundo trimestre, período entre abril e junho que foi o auge da crise do coronavírus na Europa. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira, 31, e levam em conta a economia dos 19 países do grupo que usa o euro como moeda.
A expectativa do mercado era ligeiramente menor, de queda de 12%. É a pior queda do PIB desde que os países começaram a usar o euro, em 1995. No primeiro trimestre, entre janeiro e março, a queda no PIB, já mostrando alguns impactos do coronavírus, foi de 3,6%.
Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a queda no PIB da zona do euro foi de 15%. Se incluídos todos os países da União Europeia, a queda foi um pouco menor, de 14,4% — uma vez que nem todos os 27 países da UE usam o euro.
O país mais impactado no segundo trimestre foi a Espanha, cujo PIB encolheu 18,5%. O resultado faz o país retroceder em todos os ganhos na economia que havia tido após a crise de 2008, quando os espanhóis também estiveram entre os mais afetados.
No caso do coronavírus, a Espanha esteve entre os primeiros países da Europa a ser amplamente afetados pela crise, e foi também um dos primeiros a precisar entrar em quarentena. Já o vizinho Portugal teve queda de 14,1% no PIB.
O PIB da Itália, primeiro país a sofrer com a crise do coronavírus, também teve queda histórica, de 12,4%, e o da França, de 13,8%. Em números divulgados na quinta-feira, 30, o PIB da Alemanha caiu 10,1%, o pior resultado desde que o país começou a contabilizar os números, em 1970.
Também na quinta-feira, os Estados Unidos divulgaram seu PIB do segundo trimestre, com queda de 32,9% na comparação anual. Na comparação trimestre a trimestre, a queda foi menor que a da zona do euro, de 9,5%, uma vez que o auge da pandemia nos EUA veio mais tarde do que na Europa. Ainda assim, foi o pior declínio do PIB desde que os dados começaram a ser contabilizados, em 1947.
Pacote bilionário e segunda onda
Uma das boas notícias dos novos dados é a inflação, que continuou em uma tendência de alta, sobretudo em junho e julho, quando a economia começou a reabrir. Para os analistas, os números são sinal de uma leve retomada na atividade econômica.
A Eurostat, escritório que divulga as estatísticas da zona do euro, afirmou que os preços subiram 0,4% na comparação anual em julho, um avanço maior do que os 0,3% em junho e 0,1% em maio. A projeção dos analistas ouvidos pela Reuters era de alta de 0,2% nos preços em julho.
A intensidade da crise fez os europeus chegarem a um raro acordo e aprovarem neste mês um pacote de socorro de 740 bilhões de euros para recuperar a economia. O acordo foi liderado sobretudo pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Nesta sexta-feira, 31, o premiê espanhol Pedro Sanchez se encontra com outros líderes europeus para discutir o fundo e sua distribuição. A expectativa é que países mais pobres da União Europeia e os que foram mais afetados pela crise tenham preferência.
Para além dos desafios naturais da recuperação econômica, os países terão ainda de lidar com a constante ameaça do coronavírus — ao menos até que haja uma vacina.
Os europeus da zona do euro vêm tendo redução do número de novos casos ao longo dos últimos meses, com menos de 100 novos casos por dia na maioria dos países. A desaceleração da pandemia, obtida com esforços de isolamento social e quarentena rígida nos países, levou os europeus a iniciar um processo de reabertura a partir de maio.
Contudo, o temor de uma segunda onda ainda segue, sobretudo em meio à retomada do turismo durante o verão europeu. Nos últimos dias, a Espanha, novamente, é um dos países onde o número de casos voltou a crescer. A alta fez países vizinhos, como o Reino Unido, passarem a obrigar que turistas vindos da Espanha fiquem em quarentena por um período durante as visitas.
Incluindo todos os países da Europa, o continente tem hoje mais de 2,8 milhões de casos de coronavírus. Os mais afetados são Rússia (mais de 834.000 casos), Reino Unido (302.000), Espanha (284.000), Itália (247.000) e Alemanha (207.000).