DUBLIN/KNOCK (Reuters) – Em sua visita à Irlanda, neste domingo, o papa Francisco pediu perdão pelos sentimentos de “escândalo e traição” das vítimas dos casos de exploração sexual de crianças por parte de padres católicos no país, onde anos de abuso abalaram a antes dominante força da igreja na sociedade irlandesa.
Na primeira visita papal à Irlanda em quase quarenta anos, Francisco teve um encontro privado com oito das vítimas de abuso e afirmou que iria buscar um compromisso maior para eliminar este “flagelo”.
Mas as pressões sobre o papa em relação a esse tema cresceram neste domingo quando um ex-oficial de alto escalão do Vaticano acusou Francisco de conhecer as alegações de abuso sexual contra um proeminente cardeal americano cinco anos antes de aceitar sua renúncia, no mês passado.
“Nenhum de nós pode deixar de se comover com histórias de jovens que sofreram abuso, foram roubados de sua inocência e marcados para a vida”, disse o papa a dezenas de milhares de pessoas no santuário de Knock, no oeste da Irlanda, neste domingo. “Essa ferida aberta nos desafia a ser firme e decisivo na busca da verdade e da justiça. Eu peço perdão por esses pecados e pelo sentimento de escândalo e traição sentidos por tantos outros”.
Anos de escândalos de abuso sexual abalaram a credibilidade da Igreja que, até quatro décadas atrás, dominava a sociedade irlandesa. Nos três últimos anos, os eleitores irlandeses aprovaram o aborto e o casamento homossexual em referendos, desafiando o Vaticano.
O declínio da influência da igreja católica tem sido demonstrada pelo tamanho das multidões que receberam Francisco, muito menores do que aquelas encontradas por João Paulo II durante a última visita papal, em 1979, quando mais de três quartos da população foram ao encontro do papa.
Ainda assim, 500 mil pessoas de todo país eram esperadas para ver Francisco na missa no parque Phoenix, em Dublin.