Professores, especialistas, pais e responsáveis por alunos da rede pública falam sobre o retorno das aulas presenciais, previsto para o dia 2 de agosto. Protocolos de segurança e sistema híbrido foram estabelecidos pelo GDF
Faltando uma semana para a retomada das atividades presenciais nas escolas públicas do Distrito Federal, o assunto repercute entre pais e responsáveis por alunos do ensino fundamental e médio. O retorno será escalonado e híbrido: em uma semana, metade dos estudantes de cada turma estudarão presencialmente, enquanto que os demais alunos acompanharão as aulas de forma remota, por meio do uso de tecnologia ou material impresso. Na semana seguinte, os grupos se invertem, para que todos possam participar das atividades escolares presenciais.
Protocolos de segurança divulgados pela Secretaria de Educação (SES-DF) serão seguidos desde o primeiro dia de aula em todas as escolas públicas. Entre as regras há o uso obrigatório de máscara, distanciamento social, higienização das mãos, o não compartilhamento de objetos pessoais, dentre outras.
Apesar das medidas que visam a segurança dos alunos no ambiente escolar, há mães que não acham o momento atual apropriado para a retomada das atividades. A empregada doméstica Rosa Silva, 44 anos, moradora do Sol Nascente, relata que as filhas aderiram ao ensino a distância e se adaptaram bem devido aos esforços das duas. A filha Manuela Silva, 13 anos, está indo para o oitavo ano. No semestre anterior, ela conseguiu realizar todas as atividades escolares de forma remota, fazendo as tarefas ao lado da irmã, Mariana,12.
A mãe das meninas é contra o retorno das atividades presenciais enquanto os alunos não forem vacinados. “Tenho medo do contágio. Na turma da Mariana, há uma coleguinha que tem asma, e o irmão dessa menina também é asmático. Me lembro que eles faltaram às aulas várias vezes por problemas de saúde”, relata.
Por outro lado, a auxiliar administrativa Idaiane Rodrigues, 35 anos, moradora do Guará, está entusiasmada com a volta às aulas presenciais. Ela relata que os filhos Paulo Rodrigues, 10, e Jhon Kennedy Rodrigues, 8, estão ansiosos para retornar à escola. “Temos de ter fé e esperança que vai dar tudo certo, com os pais e alunos seguindo todos os protocolos de segurança”, acredita Idaiane.
Alegria e preocupação
A professora Gislene Costa, 47 anos, moradora de Taguatinga, é uma das profissionais que retornará à sala de aula após um longo período. A pedagoga relata que o contato entre educador e estudante é imprescindível para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de forma total. “O professor cria meios de fazer o conhecimento chegar ao estudante, aproveitando, muitas vezes, até o erro dele. Virtualmente, isso é mais complicado. Quando um estudante pega somente atividades impressas na escola, é mais complicado ainda, pois não sabemos como o trabalho foi realizado”, diz.
Segundo a professora, existe uma preocupação referente ao retorno, “pois há indivíduos que não se preocupam com os protocolos de segurança”. Mas ela está feliz com a retomada das atividades. “Nós nos alegramos com as conquistas dos estudantes e nos entristecemos quando alguém fica para trás. Sempre tentamos recuperar um aluno, diante das suas dificuldades. O presencial favorece isso”, declara.
Procurada pelo Correio, a SES-DF informou que “as aulas na rede pública serão retomadas no dia 2 de agosto. Os detalhes sobre a volta às aulas serão divulgados em breve”. Vale destacar que a rede particular de ensino não se enquadra nas medidas estabelecidas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e a Secretaria de Educação. As próprias instituições decidem sobre a modalidade e o cronograma das aulas para os estudantes.
Cuidados
A infectologista Ana Helena Germoglio alerta que o retorno das atividades escolares deve ser considerado prioritário. “Os pais devem ficar seguros quanto ao ambiente escolar, se todos seguirem as medidas de proteção”, alerta. Para a especialista, a chance de surto em ambiente escolar que segue todas as recomendações é muito pequena. “Isso quem mostra para nós não é achismo, são trabalhos científicos”, complementa.
A infectologista alerta para as pessoas fazerem o uso de máscaras, manterem o distanciamento social, ficarem em ambientes com ventilação e higienizarem as mãos. “E, claro, a grande recomendação é que a comunidade escolar se vacine assim que possível”.