Feitas de lenços, panos e até filtro de café, elas se tornaram a única opção para muitas pessoas
Desde a era renascentista, entre os séculos XIV e XVI, já se tem registro de pessoas cobrindo nariz e boca com lenços para evitar o contágio de doenças. Contudo, as máscaras cirúrgicas só começaram a aparecer no finalzinho do século XIX, por volta de 1897. Na época, o equipamento consistia em um lenço amarrado ao redor do rosto, mas sem os filtros adequados.
Mais de um século depois, as máscaras cirúrgicas evoluíram e tornaram-se um dos principais Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para médicos e profissionais de saúde. Porém, com a disseminação da Covid-19, a procura por esses equipamentos cresceu em larga escala. A fabricação não deu conta da demanda e agora está cada vez mais difícil encontrá-las.
Como plano b, as máscaras caseiras começaram a se popularizar. Mas será que elas funcionam mesmo? Em entrevista a CLAUDIA, a Otorrinolaringologista e Foniatra, chefe do ambulatório de Foniatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina e professora assistente do Hospital Universitário da USP, Emi Murano, tira as principais dúvidas:
As máscaras caseiras protegem contra a Covid-19?
As máscaras caseiras não garantem a mesma proteção que as cirúrgicas. E quanto menos adequado for o material, menos a máscara vai reter e menor será o nível de proteção. Mas elas ajudam a minimizar o risco. Por exemplo, uma máscara caseira feita com Perfex (pano de cozinha) com apenas dois panos dobrados vai proteger muito pouco, agora se a máscara tiver 9 folhas de pano dobradas garante uma proteção maior.
As máscaras de tecido tem a mesma funcionalidade daquelas usadas no ambiente hospitalar?
Não. Nenhuma máscara caseira substitui as máscaras utilizadas por médicos e profissionais de saúde nos atendimentos. A única máscara que realmente garante a proteção do médico é a N95 e a FSTE2.
Quem está em contato com um caso suspeito de Covid-19 pode usar máscara caseira?
Aqueles que precisam de máscara para sua autoproteção porque estão próximos a pessoas infectadas devem usar a máscara N95.
Incentivar o uso de máscaras caseiras ajudará a diminuir o contágio?
A proposta das máscaras caseiras é para tentar diminuir a circulação de vírus no ambiente. Muitas pessoas são assintomáticas e estão espalhando o vírus.
Como otimizar o uso das máscaras caseiras?
O material, tamanho da máscara e o uso correto determinam o nível de proteção. Então, em relação ao tamanho, ela precisa cobrir nariz, boca e aderir ao rosto, inclusive cobrindo abaixo do queixo. Nenhuma máscara feita em casa é tão boa quanto a cirúrgica, mas, quanto mais fechadinha ela for, mais protege. Depois do uso, o ideal é o descarte.
Quais os cuidados necessários na hora de manusear a máscara?
Antes de colocá-la, lave bem as mãos ou se higienize com álcool em gel. Antes de tirá-la ou se precisar ajustá-la, você deve manter os mesmos cuidados. Mas é importante saber o jeito correto de lavar a mão. O ideal é lavar por pelo menos 40 segundos.
Não tenho contato com nenhum infectado, preciso usar máscara? Quem realmente precisa usar?
Na minha opinião, todos devem usar. Se queremos achatar a curva de infectados, precisamos garantir que todos usem as máscaras.
Preciso usá-la em casa?
As pessoas também deveriam usar máscara em casa porque qualquer pessoa pode ser um potencial transmissor. Se você mora sozinho ou está há mais de 14 dias em quarentena, realmente sem sair, você tem menos chance de ter a doença. Mas se o indivíduo trabalha fora ou tem saído bastante, essa recomendação vale dentro de casa.