Organização que reúne grandes produtores, como Arábia Saudita e Rússia, tenta segurar artificialmente os preços em meio à guerra comercial
São Paulo — O petróleo deve ser um dos principais assuntos desta quinta-feira, dia em que começa uma cúpula de dois dias da Opep, o cartel que reúne alguns dos principais países produtores, em Viena, na Áustria. É esperado que o grupo, que reúne Arábia Saudita e Rússia, anuncie novos cortes de produção com o objetivo de elevar o preço dos barris.
Depois de abrir a semana em 60 dólares, o petróleo brent subiu para 63 dólares, ontem, mas estava em leve queda de 0,15% às 7h desta quinta-feira.
Um ano atrás, a Opep concordou em cortar a produção diária em 1,2 milhão de barris para segurar o preço da commodity. Funcionou por um tempo, com o barril subindo da casa dos 60 dólares para acima dos 80 dólares, em abril.
Mas nos últimos meses o recrudescimento da guerra comercial entre China e Estados Unidos e a consequente perspectiva de redução no ritmo de crescimento fez o preço voltar a cair para perto dos 60 dólares.
A Arábia Saudita deve ser uma defensora de novos cortes, o que ajudaria a turbinar a abertura de capital de sua estatal petroleira, a Saudi Aramco, prevista para semana que vem. A medida é defendida também pelo Iraque, outro importante membro do grupo, cujo governo está lidando com uma conflagração social interna. A ideia desses países é ampliar o corte em mais 400 mil barris por dia. Mas pode não ser o suficiente para segurar o preço dos barris, e ainda enfraquecer a Opep.
Há temores, no grupo, de que isso abriria ainda mais caminho para o aumento de produção de países que não são membros da Opep, como os Estados Unidos, e também o Brasil. Após o leilão de novos blocos do pré-sal, em novembro, o Brasil pode entrar para o grupo dos cinco maiores produtores do mundo na próxima década.
O leilão, como se sabe, foi vencido pela Petrobras, o que faz da estatal brasileira uma grande interessada nos debates da Opep. Em apresentação a investidores nos Estados Unidos, a estatal anunciou ontem que prevê distribuir 34 bilhões de dólares em dividendos até 2024, e que a intenção de vender oito refinarias até 2021, para focar na exploração e produção em águas profundas, segue firme.
A petroleira já chegou a um custo de extração no pré-sal de apenas 5 dólares por barril, ante 15 dólares em 2014, o que faz da estatal competitiva em qualquer cenário.