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ONG pede explicações sobre gastos da Câmara do DF com gabinetes

Custo em 2015 será de R$ 329 milhões, média de R$ 124 por habitante.
Gastos refletem atividade, dizem distritais; prazo para resposta é 30 dias.

Representantes da ONG Adote um Distrital foram à Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta terça-feira (16) para cobrar explicações dos parlamentares sobre os gastos dos últimos meses com verbas de gabinete e indenizatórias. Até o fim do ano, a Casa vai custar R$ 329 milhões, média de R$ 124 por habitante do DF.

“A gente quer saber se é realmente necessário, se esses relatórios estão sendo bem feitos, né? E se não há nenhuma irregularidade nesse meio todo”, diz o voluntário da ONG Calebe Mello. Os pedidos foram feitos com base na Lei de Acesso à Informação. O prazo para resposta é de 30 dias.

A verba de gabinete garante aos deputados distritais um total mensal de R$ 173,2 mil para pagar salários de assessores. O valor é quase o dobro disponível na Câmara Federal (R$ 92 mil mensais) e mais que o triplo da assembleia legislativa de Goiás, onde os deputados usam R$ 58 mil. Segundo o secretário geral da Câmara, Valério Neves, a comparação não é justa porque o DF não tem câmaras municipais.

O fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, discorda. “O valor da Câmara Federal já é extremamente elevado, abrange a contratação de 25 servidores que não ficam no gabinete. A maioria fica nos estados, atuando como cabos eleitorais. A democracia não tem preço, mas esse custo da Câmara do DF é realmente absurdo.”

Outros gastos
Dados disponíveis no site da Câmara Legislativa indicam um gasto acumulado de R$ 890 mil entre janeiro e abril deste ano com verba indenizatória. O dinheiro é utilizado para alugar carros e escritórios, pagar gasolina, material de escritório e para contratar serviços que a própria Casa oferece, como consultoria legislativa e jurídica.

Gastos declarados do distrital Wasny de Roure (PT) com gasolina em fevereiro em março; lista tem 39 faturas (Foto: CLDF/Reprodução)
Gastos declarados do distrital Wasny de Roure (PT) com gasolina em fevereiro em março; lista tem 39 faturas (Foto: CLDF/Reprodução)

Em uma das tabelas publicadas no site, constam 39 recibos de postos de gasolina no gabinete do deputado Wasny de Roure (PT), relativas a fevereiro e março. Em entrevista à TV Globo, o parlamentar atribuiu as faturas ao tamanho do gabinete. “Tenho 23 servidores que trabalham comigo”, disse.

Em março, a Justiça intimou os 24 distritais a apresentarem argumentos que justifiquem o uso de verba indenizatória para pagar combustível e lubrificante de veículos privados. O tema é alvo de ação do Ministério Público do DF.

Durante a campanha, o deputado Dr. Michel (PP) declarou à Justiça Eleitoral ser dono de um carro importado e de R$ 1,3 milhão em patrimônio. Na prestação de contas da verba indenizatória, constam R$ 5 mil mensais para alugar uma caminhonete de luxo. “Como eu uso para trabalhar, acredito que não estou fazendo nada de errado”, declarou Michel.

Gastos declarados pelo distrital Dr. Michel (PP) em abril; na segunda linha, gasto de R$ 5 mil se refere a aluguel de caminhonete de luxo (Foto: CLDF/Reprodução)
Gastos declarados pelo distrital Dr. Michel (PP) em abril; na segunda linha, gasto de R$ 5 mil se refere a aluguel de caminhonete de luxo (Foto: CLDF/Reprodução)

Segundo o cientista político Leonardo Barreto, a estrutura de gastos da Câmara reproduz práticas que são necessárias em outros estados, onde a extensão territorial dificulta o acesso dos políticos a regiões afastadas.

“Por exemplo, cotas altíssimas de combustível ou estruturas de gabinete que podem ser montadas em cidades satélites, como se houvesse uma distância muito grande em relação a elas. A Câmara, ela tem total condição de cortar uma boa parte do seu orçamento e manter seu funcionamento”, diz o especialista.

g1

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