Quando se radicou em Brasília, no início de 2010, Manassés de Sousa pegou muita gente de surpresa. Não faltou quem estranhasse a escolha da cidade como nova moradia pelo consagrado multi-instrumentista e compositor cearense, que, ao longo de 40 anos de carreira, trabalhou com nomes estelares da MPB, como Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Chico Buarque, Fagner, Zé Ramalho, Gal Costa e Nara Leão.
Esses oito anos na capital têm sido muito produtivos para o artista, que produziu 10 discos, gravou e lançou o álbum Mana Mano e faz incontáveis shows. Mas não é só: aqui conquistou novos amigos e tem trocado informações e experiências com músicos brasilienses de diferentes gerações. Ele está tão integrado à cidade que se matriculou na Escola de Música para, a partir deste primeiro semestre, estudar teoria musical. “Isso é algo que nunca fiz e estou na maior expectativa para que as aulas comecem”, revela.
Hoje e amanhã, às 21h, Manassés volta a ocupar o palco do Espaço Cultural do Choro com o show Revendo amigos. “Para mim, será uma ótima oportunidade para estar novamente ao lado de amigos, ligados à música, que conquistei em Brasília e outros que já conhecia, como Zelito Passos, Cacau Alencar, Luciano Góes e Myrla Muniz”, destaca. Há ainda a participação de João Bosco (violão), Oswaldo Amorim (contrabaixo), Carlos Pial (percussão) e Pablo Fagundes (gaita).
Mana (como os amigos o chamam) conta que produziu todos os discos de Zelito e que Myrla tem tomado parte dos seus shows em Brasília. “Luciano (médico, que também é cantor e compositor) é meu parceiro. Estamos gravando um CD, em que predominam músicas nossas, além das feitas em parceria com outros compositores. O lançamento está previsto para abril.”
Diverso
O repertório, segundo o instrumentista, é bem abrangente. “Desse trabalho com o Luciano, eu escolhi Algo sobre amizade, que ele cantará. Tem os temas autorais Andarilho e Terceira ponte, que fiz em homenagem a Brasília”. A eles se juntam os clássicos Asa branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), Fado tropical (Chico Buarque e Ruy Guerra), Terra (Caetano Veloso), Mucuripe (Belchior e Raimundo Fagner), Santa Morena (Jacob do Bandolim), além de Eleanor Rigby (Beatles), Another brick in the wall (Pink Floyd), All the children (Stanley Jordan) e Tema de amor (Andrea Morricone) — da trilha do filme Cinema Paradiso.
Natural de Maranguape — portanto conterrâneo de Chico Anísio e Rachel de Queiroz — Manassés é músico profissional desde os 17 anos. “Comecei minha carreira tocando em banda de baile. Antes de obter reconhecimento no Brasil, fui morar na França e lá realizei algumas gravações com instrumentistas daquele país”, lembra. “Na volta ao Brasil, passei a fazer parte da banda do Fagner, na qual fiquei por muito tempo. Quando ele vem fazer show em Brasília,costumo acompanhá-lo”, acrescenta.
Durante a trajetória, o guitarrista e violonista participou de festivais de jazz e música instrumentais no Brasil – no Ceará, Piauí, Rio de Janeiro e Brasília –, e em países como Uruguai, Nicarágua, Fança e Rússia. Da discografia há o registro de 13 títulos, sendo sete álbuns solo. “Compus ainda trilhas sonoras para três balés”, conclui.
Manassés de Sousa
Show do multinstrumentista e compositor, acompanhado por banda e participação de convidados pelo projeto Clube do Choro — 40 Anos, hoje e amanhã, às 21h. No Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3223-0599.