Evento é considerado espaço de debate e troca de experiências cada vez mais valorizado
Utah (EUA) — Amanhã começa o Festival de Sundance — o maior e mais importante festival de cinema independente do mundo. Durante 11 dias, a indústria do cinema independente estadunidense e mundial se reunirá em Park City, Utah, nos Estados Unidos, para uma maratona de filmes, encontros, seminários e muito debate sobre cinema.
Nos Estados Unidos, filmes independentes são aqueles produzidos fora de Hollywood, portanto, não submetidos aos mesmos parâmetros dos estúdios.
Mesmo com orçamento menor, grande parte das produções selecionadas pelo festival tem orçamento de milhões de dólares. Um filme independente em Sundance, por vezes, custa mais do que algumas superproduções de outros países. O vencedor de 2016, O nascimento de uma nação, teve orçamento de US$ 10 milhões e resultou na maior compra já realizada em Sundance: US$ 17,5 milhões pagos pela FOX.
Para além da indústria do cinema, Sundance tem o mérito de privilegiar a diversidade de gênero cinematográfico, com mostras competitivas para documentários, dramas, filmes de terror e curtas; de origem geográfica; de temas, com produções sobre as mais variadas questões sociais, políticas e subjetivas; de gênero, raça e crença, com filmes e seminários que abordam homossexualidade, racismo e religião, sem que esses temas sejam necessariamente contraditórios.
Sundance é um evento que prova como é possível conviver com as diferenças culturais, sociais, étnicas e religiosas de forma tolerante. Não se poderia esperar nada diferente de um festival cujo patrono é Robert Redford.
Al Gore
Em 2017, o festival traz alguns destaques importantes. A première mundial de An inconvenient sequel (Uma sequência inconveniente, em tradução livre), continuação de Uma verdade inconveniente (2006), com a participação de Al Gore, ocorrerá na abertura do festival, com a presença do ex-vice- presidente dos EUA.
Em tempos de efervescência política mundial, em um evento que começa na semana da posse do novo presidente ao país, Sundance escolheu como filme de abertura um documentário sobre o aquecimento global. O tema confronta a visão de mundo do projeto político que venceu as últimas eleições presidenciais americanas.
O festival também incluiu na programação, na última hora, o documentário Trumped, sobre a vitória do republicano nas últimas eleições presidenciais. A política deverá roubar a cena durante o festival. Para além da política, o festival também realizará a première de Manifesto, filme no qual Cate Blanchett interpreta 13 personagens diferentes em monólogos declamando diferentes manifestos artísticos do século 20.
O filme de Julian Rosefeldt foi apresentado originalmente em 2015, em uma exposição de arte de múltiplas telas, e depois convertido para o formato de longa-metragem. A promessa é de um filme belíssimo. Além disso, o longa-metragem brasileiro Não devore meu coração, com Cauã Reymond e Ney Matogrosso no elenco, terá sua estreia mundial em 22 de janeiro, às 22h30 (horário de Brasília).
Com o equilíbrio entre política e arte, o Festival de Sundance começa nesta quinta-feira com a promessa de grandes filmes e grandes polêmicas. Aguarde as críticas para esses e muitos outros filmes, além de uma variedade de conteúdo exclusivo, em todos os portais, canais e veículos do Conexão Sundance, a partir de amanhã, diretamente da Oz do cinema independente mundial.